Papa Francisco envia carta em solidariedade ao pai de Henry
Pontífice pediu que Leniel e sua mãe não se deixem contaminar pelo ódio
Thamirys Andrade - 18/05/2021 12h29 | atualizado em 18/05/2021 13h20

O papa Francisco enviou uma carta em solidariedade a Leniel Borel, pai do menino Henry Borel, que foi morto aos 4 anos no último dia 8 de março. No documento, o líder católico menciona “a loucura humana que levou ao massacre” da criança e “as horas amargas que vive o povo brasileiro”.
Em meio à dor da perda, o pontífice pediu que Leniel e sua mãe, Noeme Camargo, guardem seus corações e não se deixem contaminar pelo ódio.
– O Santo Padre conta com Leniel e Noeme para contrastar a cultura da indiferença e do ódio que sente crescer ao seu redor. Não se deixe contaminar pelo ódio, transformando-se à sua imagem e semelhança. Seja do número das pessoas que se recusam a entrar no circuito do ódio, que se recusam a odiar aqueles que lhes fizeram mal, dizendo-lhes: “Não tereis o meu ódio”. Desse modo, ajudará a parar o mal, como fez Abraão quando pediu a Deus para não exterminar os justos com os culpados.
Para o líder religioso, a recusa aos sentimentos de vingança trará paz à família e ajudará a transformar o mundo.
– Basta-lhes uma só pessoa boa, para não odiarem todas as pessoas. É quase um milagre que uma pessoa ferida, como o senhor Lemuel e a senhora Noeme, possa encontrar a coragem de recusar ter ódio e o afastar do seu coração. Mas é um milagre que lhe permite viver em paz e ajudar a salvar o mundo de si mesmo.
A carta foi assinada pelo Monsenhor Luigi Roberto Cona, assessor para Assuntos Gerais da Secretaria do Vaticano, e foi entregue a uma parente de Leniel que mora em Portugal, depois que ela escreveu ao Papa sobre a morte da criança.

Em entrevista ao jornal Extra, Leniel disse que as palavras do papa fortaleceram a família.
– No momento mais difícil de nossa vida, as palavras de amor e solidariedade transmitidas pelo papa Francisco nos fortalecem na fé e nos apoiam ainda mais a sermos imitadores de Cristo. A carta que recebemos só ratifica que estamos no caminho certo de opor-nos aos sentimentos de vingança, ódio e indiferença, não nos indignando de forma alguma para fazer o mal. Henry com certeza está feliz [por]que não estamos nos vencendo pelo mal, mas vencendo o mal com o bem.
O menino Henry Borel morreu no apartamento da mãe, Monique Medeiros, e do padrasto, o vereador Jairo Souza, em decorrência de 23 lesões. As investigações apontam que o menino sofria rotina de violência por parte do parlamentar, sob a omissão da mãe. Monique e Jairinho estão em prisão preventiva e aguardam julgamento, indiciados pelos crimes de homicídio duplamente qualificado com emprego de tortura.
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