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Os reflexos na vida de Brumadinho após tragédia

Moradores da região relataram as consequências do acidente na cidade

Virgínia Martin e Mayara Macedo - 14/02/2019 16h27 | atualizado em 18/02/2019 12h46

Homem a procura de emprego Foto: Pleno.News

A cidade de Brumadinho, em Minas Gerais, segue sofrendo com as consequências do rompimento da barragem da Vale. Além de ter que lidar com toda destruição provocada pela lama, com a morte de pessoas inocentes e o paradeiro desconhecido dos desaparecidos, toda a população da região, inclusive aqueles que não foram afetados diretamente pelo acidente, sente os reflexos do descaso.

O comércio de Brumadinho vive uma crise, pois a movimentação é muito baixa. Uma lojista, identificada como Elaine Rodrigues, afirmou ao Pleno.News que as pessoas nem entram mais na loja.

– A gente crê que vai melhorar, a gente precisa que melhore, porque se não, como vai ficar o comércio? – disse Elaine.

Lojistas têm esperança que as vendas aumentem Foto: Pleno.News

Janete Rodrigues Moreira da Silva, outra lojista da cidade, contou ao Pleno.News que a maioria de seus clientes era de Córrego do Feijão e Parque da Cachoeira, regiões bastante atingidas pela lama. Segundo ela, desde a tragédia, ninguém mais procurou o comércio.

– Eu estou confiando em Deus. O povo fala que Brumadinho acabou, pra mim, está começando. Deus está no controle de tudo, Ele tem o melhor, mas pra nós, que servimos ao Senhor, sabemos que é cumprimento da Palavra do Senhor. Ele sabe de tudo, Deus do começo até o fim – afirmou Janete.

Aqueles que trabalham na mineradora Vale, responsável pela barragem que se rompeu, estão tendo que tomar cuidados extras, pois se identificar como funcionário da empresa não está sendo bem visto. Jeziel Alves Furtado, que trabalhou na empresa por 12 anos, explicou que aqueles que ainda trabalham na mineradora estão tendo que esconder o uniforme, que exibe a logo da firma.

– A gente não esperava tamanha catástrofe em uma cidade boa e pacata como a nossa. Uma coisa que me deixou muito transtornado foi a questão dos funcionários irem trabalhar sem uniforme, escondendo a camisa que tinham muito orgulho de vestir. Fiquei muito triste de ver essa cena, apesar de também ter enterrado meu cunhado, meus vizinhos e colegas de trabalho – lamenta Jeziel.

Jeziel Alves Furtado, que trabalhou na empresa por 12 anos Foto: Pleno.News

Ele também revelou que as crianças da cidade estão sendo recebidas por psicólogos e que a fase pela qual estão passando é muito difícil. Para ele, a Vale deveria mostrar que é grande nesse momento de dor dos cidadãos locais, ressarcindo cada um de forma justa.

Talvez a maior apreensão e lamento dos moradores da área, seja a grande possibilidade de jamais encontrar os corpos de seus entes. Para o advogado Ronan Gomes, muitas famílias ficarão doentes emocionalmente por conta disso.

– Não vão achar (os corpos), temos que ser realistas. Lógico, se a gente tivesse algum familiar nessa situação, a gente gostaria que, de todas as formas, encontrassem, para fazer um enterro digno, para deixar a pessoa em paz e ficar em paz de forma espiritual. A gente está vendo que várias pessoas não vão conseguir fazer isso – explicou Ronan.

Mesmo em meio a tanta notícia ruim, o que não falta em Brumadinho é solidariedade. Luiza Rodrigues, dona da pousada Dona Carmita, falou ao Pleno.News. Ela conta que, após o acidente, foi feito um remanejamento na pousada para hospedar famílias que estavam desabrigadas, bem como os integrantes do Corpo de Bombeiros.

– Estamos a 13 quilômetros do local da tragédia. A gente espera que ninguém nos abandone. Que venham para conhecer Inhotim e que fiquem aqui conosco – falou Luiza.

* O Pleno.News está com equipe em Brumadinho.

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