Henrique Gimenes - 28/01/2019 17h04 | atualizado em 28/01/2019 19h41

O relator especial das Nações Unidas para Direitos Humanos e Substâncias Tóxicas, Baskut Tuncak, afirmou que o rompimento da barragem Brumadinho, Minas Gerais, deve ser investigado como “um crime”. A declaração foi dada à BBC News Brasil.

Na sexta-feira (25), uma barragem da Vale se rompeu e despejou um rio de rejeitos de minério e lama no estado. As instalações da empresa e diversos imóveis em áreas rurais próximas ficaram soterrados. Até o momento, foram confirmadas 65 mortos, 292 desaparecidos e 192 resgatados.

De acordo com Baskut Tuncak, as autoridades brasileiras deveriam ter implementado um melhor controle ambiental desde o desastre de Mariana em 2015, mas ignoraram os alertas.

– Esse desastre exige que seja assumida responsabilidade pelo que deveria ser investigado como um crime. O Brasil deveria ter implementado medidas para prevenir colapsos de barragens mortais e catastróficas após o desastre da Samarco de 2015 – ressaltou.

O relator da ONU também apontou que “nem o governo e nem a Vale parecem ter aprendido com seus erros”. Ele considera que há, no país, desrespeito a “comunidades e trabalhadores”

– Os esforços contínuos no Brasil para enfraquecer as proteções para comunidades e trabalhadores que lidam com substâncias e resíduos perigosos mostram um desrespeito insensível pelos direitos das comunidades e dos trabalhadores na linha de frente – destacou.

Tuncak, no entanto, afirmou que as investigações ainda estão em andamento e que, por isso, a ONU ainda não vai fazer comentários sobre “as lacunas específicas de proteção” que levaram ao rompimento da barragem.

*Atualizada às 19h41

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