Ministros darão palestra em curso de doutorado da polícia
Abraham Weintraub e Ricardo Salles participarão do programa da PM de São Paulo
Mayara Macedo - 02/09/2019 13h51

Com a presença de dois ministros queridos pelo núcleo ideológico de Bolsonaro, Abraham Weintraub (Educação) e Ricardo Salles (Meio Ambiente), o programa de doutorado da Polícia Militar de São Paulo ganhou capa política.
Os dois estão escalados para falar na semana que vem no Centro de Altos Estudos de Segurança da PM, assim como Alexandre Borges. Apresentado apenas como jornalista na grade curricular, ele é um influenciador digital ligado à base do presidente Jair Bolsonaro. Dirige o Instituto Liberal e escreve para portais associados à extrema direita, como o Mídia Sem Máscara (fundado por Olavo de Carvalho) e o Reaçonaria (descrito como “o maior portal conservador do Brasil”). Borges está na lista dos 347 perfis que Bolsonaro segue no Twitter.
Em nota, a assessoria de comunicação da instituição diz que o doutorado em Ciências Policiais de Segurança e Ordem Pública recebe todos os anos “palestras ministradas por representantes de diversas esferas dos governos, além de comunicadores e jornalistas”.
Destaca a presença, em 2018, de nomes como o do comandante Hamilton Alves, piloto de helicóptero que virou referência de repórter aéreo no país, e de Raul Jungmann, ministro da Defesa no governo Michel Temer.
Segundo a PM, “as autoridades são convidadas para tratarem de assuntos pertinentes à segurança pública nas suas respectivas áreas”. No caso de Salles, “a pauta contemplará o tráfico de animais silvestres, as ocupações em áreas de manancial, a degradação de áreas de preservação permanente e ambiental, entre outros temas relacionados”.
Weintraub falará com os 30 delegados e 51 oficiais (entre majores e tenentes-coronéis) do curso sobre “tema relacionado à importância da educação nas instituições policiais”. Já Borges, o articulista do Reaçonaria e do Mídia Sem Máscara, canais que acusam a mídia tradicional de ter viés esquerdista, abordará “possíveis reflexos das fake news e das redes sociais nas instituições públicas”.

*Folhapress
Leia também1 À polícia, filha de Flordelis contradiz depoimento de neto
2 Jornalista aponta escândalo de masturbação em creche
3 RJ: Apreensões de milicianos ultrapassam as de traficantes