Mãe e filha que descobriram câncer juntas celebram cura
Carmem e Faena fortaleceram uma a outra durante o tratamento: "Amigas e companheiras"
Thamirys Andrade - 25/10/2021 17h20 | atualizado em 25/10/2021 17h53

“O pesadelo foi duplo, mas a vitória também foi”. É o que conta a curitibana Faena Figueiredo Rossilho, de 44 anos, após ela e sua mãe, Carmen Dolores de Figueiredo Rossilho, de 65, vencerem o câncer de mama que descobriram juntas em 2017.
– Foi inacreditável. A gente nunca espera uma coisa dessa, ainda mais duas seguidas. Eu falei para a minha mãe que se avisassem: “Vocês duas vão ter câncer de mama juntas”, a gente falaria: “O quê?”. Ninguém imaginava. O pesadelo foi duplo, mas a vitória também foi. Estamos vivas, estamos bem – celebrou Faena.
Em entrevista ao portal G1, mãe e filha deram detalhes sobre a luta que tiveram que travar e como ajudaram uma a outra a passar por esse processo. De acordo com Carmen, elas sempre fizeram os exames de rotina, especialmente Faena, pois precisava acompanhar alguns cistos. Os tristes diagnósticos vieram em 2017, em um intervalo de apenas um dia.
– Acabamos fazendo as biópsias, e o resultado dela saiu em um dia, e o meu em outro. Médicos diferentes, sintomas diferentes. A gente estava em uma preocupação maior com ela, né? Foi uma surpresa porque tinha três opções: os dois negativos, um positivo e outro negativo, ou os dois positivos, e deu no que deu – relatou Carmen.
Em um primeiro momento, foi difícil para elas receberem as duas notícias em pouco tempo, mas hoje elas são gratas por terem passado por tudo ao lado uma da outra.
– Na época, a gente: “Nossa, mas por que foi acontecer um dia depois do outro e esse tratamento na mesma época?” Mas, hoje, a gente fala: “Foi tão bom ter acontecido isso junto”, porque uma deu força a outra. Então, a gente passou [por isto] juntas. Sempre fomos muito amigas e companheiras – explica Carmen.
A primeira atitude da mãe e da filha ao descobrirem a doença foi voltar a morar juntas para cuidar uma da outra. Elas passaram por quimioterapia, cirurgias e radioterapias.
– Eu, graças a Deus, não tive que tirar a mama toda. Eu retirei o mamilo, depois fiz uma tatuagem no local que ficou bem boa. Essa é a cereja do bolo depois de passar por todo o tratamento. Foram 16 sessões, e em cada sessão eu convidei uma pessoa, um amigo próximo, para ir comigo. A quimio dura uns seis meses, seis meses e meio. Depois tem que esperar um mês para marcar a cirurgia. E, depois, esperar mais um mês para começar a fazer a radioterapia – explicou Faena.
– No meu caso foi retirado um quadrante da mama, só uma parte. Mas eu tive metástase na axila, então teve que tirar alguns gânglios também. Depois fizemos a radioterapia e agora temos que tomar um medicamento todos os dias por cinco anos. Ainda estamos em tratamento na verdade, mas o pior já passou – disse a mãe.
Faena reconhece ter sido difícil perder os cabelos. Mas, para ela, é só um “detalhe” no tratamento se você pode celebrar a vitória depois. “Se você está curada, é o que importa”, declarou.
Mesmo com a vitória, ambas seguirão monitorando sua saúde e realizando exames a cada quatro meses.
– Você nunca recebe alta total. Você tem que ficar [sendo] acompanhanda. O médico faz o exame clínico, apalpa, pede o exame complementar, ecografia, mamografia, ultrassom de abdômen, faz a densitometria. Nós nos consideramos curadas. A gente está vivendo uma vida normal, mas ainda estamos em tratamento. Temos alguns efeitos colaterais dos remédios, mas nada que a gente não consiga conviver. É um dia de cada vez – acrescentou a filha.
Elas reforçam a importância de fazer os exames e de buscar acompanhamento médico desde cedo.
– Sempre que posso, gosto de repetir: façam o autoexame, mas não só isso. Façam o exame na clínica. Façam acompanhamento médico. Não deixem a saúde para mais tarde. Esse é o nosso bem mais precioso – aconselhou Faena.