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"Era muito peso na cabeça dele", declarou pastora Maurícia Valença

Thamirys Andrade - 14/04/2022 14h20 | atualizado em 14/04/2022 15h38

Lucas Valença tinha 36 anos Foto: Arquivo pessoal

A pastora Maurícia Valença, mãe do policial Lucas Valença conhecido como Hipster da Federal, relatou às autoridades que o filho estava em surto mental quando foi morto no dia 2 de março, em Buritinópolis, Goiás. Segundo depoimentos, o agente federal oscilava entre momentos de consciência e de surto, chegando a dizer à família que seu falecido pai havia incorporado nele. Para Maurícia, não há dúvidas de que o auxiliar de almoxarifado que atirou em seu filho agiu em legítima defesa.

– Esse rapaz é inocente. Eu não tenho nenhuma dúvida disso. Ele agiu porque não era fácil sustentar uma situação dessa. Ele agiu em legítima defesa. Ele não é culpado – assegurou a pastora, segundo informações obtidas pelo portal Metrópoles.

De acordo com ela, a vida da família é marcada por tragédias. Lucas perdeu o pai quando tinha apenas 3 anos e um dos irmãos durante a adolescência. Mais tarde, outro irmão ficou paraplégico.

Maurícia conta que, antes do surto que levou à sua morte, o filho já havia apresentado um episódio similar, dois anos atrás. Entretanto, a psiquiatra que atendia o policial considerou que havia sido um caso isolado.

A nova mudança drástica de comportamento ocorreu no último fim de semana de fevereiro, quando Lucas estava na chácara da família, em Buritinópolis, acompanhado da mãe, do padrasto e do irmão. Tudo começou quando o cachorro do policial, Trovão, foi atacado por outro cão da família, Sansão. Segundo relato da mãe, Lucas agiu de forma desproporcional, agredindo Sansão e chegando a se ferir.

Nos dias que sucederam o incidente, ele ficou ainda mais agressivo e destruiu o interior da casa do lago. Ele também voltou a lembrar a morte de seu pai e outros traumas que enfrentou ao longo da vida.

– Ele começou a desabafar todas as dores de alma que ele tinha, mas daquela forma surtado – explicou Maurícia.

“ALGEMA O LUCAS”
Naquela ocasião, a mãe precisou ser levada de volta à Brasília. Ela havia passado por cirurgia cardíaca recente e necessitou se afastar do filho para não apresentar complicações. Três amigos policiais federais, contudo, foram até a chácara para ajudar Lucas, que estava dormindo após uma vizinha lhe dar comprimidos para insônia a fim de acalmá-lo.

– Eu falei: Algema o Lucas! Vocês não vão conseguir controlá-lo, imobiliza ele. Com esse remedinho, ele vai acordar daqui a pouquinho. Eu dei a minha autorização para que eles fizessem qualquer tipo de contenção no Lucas. O Lucas tinha força demais. E essa força em uma pessoa surtada, imagina – avaliou.

Os amigos decidiram levá-lo a uma clínica de Brasília, mas antes pediram que Lucas lhe entregasse a submetralhadora que havia levado com ele para praticar tiro na chácara. No momento de entregar a arma, ele teria dado uma rajada de tiros, que não acertou ninguém. Já dentro do carro, ele teve um novo surto e exigiu que os amigos o deixassem sair ou ele os mataria.

O policial deixou o veículo em movimento e correu em meio à rodovia. Seus companheiros tentaram evitar que ele fosse atropelado, convencendo-o a retornar à chácara.

Lucas foi levado de volta até o rancho, mas conseguiu fugir enquanto seus amigos saíram para pedir ajuda em um posto de saúde da região. Foi quando ele se dirigiu à casa do auxiliar de almoxarifado e tentou arrombar a porta.

O agente acabou morto com um tiro no peito. Apesar de terem concluído que o disparo ocorreu em legítima defesa, a Polícia Civil indiciou o dono da casa por posse ilegal de arma.

Lucas Valença se tornou conhecido no Brasil após participar da prisão do ex-deputado federal, Eduardo Cunha, em 2016. Segundo sua mãe, a fama provocou nele um quadro de depressão e levou a um aumento em seu consumo de álcool.

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