Ana Luiza Menezes - 31/08/2019 21h16

No Rio de Janeiro, a vendedora de empadas, Carla dos Santos, entrou na Justiça para ter o direito de ver suas três filhas. As meninas foram adotadas pela deputada federal, Flordelis, em 2007.

Na fachada da Delegacia de Homicídios de Niterói e São Gonçalo (DHNSG), a mulher exibiu documentos com denúncias contra a parlamentar. Carla disse que perdeu a guarda das crianças após ter sido presa por furto.

Ao jornal O Dia, ela afirmou que duas de suas filhas eram bebês e a mais velha tinha 10 anos quando foram adotadas por Flordelis. Ela garantiu que sua intenção era deixar as garotas apenas sob a guarda da deputada e que o papel de adoção definitiva foi assinado sem que soubesse do que se tratava.

A adoção das meninas chegou a ser exposta no livro Flordelis: a incrícel história da mulher que venceu a pobreza e o preconceito para ser mãe de 50 filhos, que foi lançado em 2011. De acordo com a obra, as crianças teriam sido encontradas na rua e estavam abandonadas em função da prisão da mãe biológica.

Carla foi condenada a seis anos de reclusão pelo crime de furto. O documento, que autorizava a adoção, teria sido assinado na prisão.

– Ele deu um documento com guarda provisória para assinar. Os nomes das minhas filhas estavam escritos com sobrenomes diferentes – disse ela, em referência a uma visita feita por um oficial de justiça.

A mulher afirmou que só tomou conhecimento que se tratava de um processo de adoção quando foi levada para uma audiência.

-Em frente ao juiz comecei a chorar. Contei que não queria dar as minhas filhas. A Flordelis se aproximou e disse que eu poderia encontrar minhas filhas depois e me daria um emprego – declarou.

Ela disse ainda que foi naquele dia que deu seu último abraço em sua filha mais velha, Monique. Carla defende que Flordelis nunca permitiu uma aproximação sua com as meninas.

Em julho, ao saber sobre a morte do pastor, Carla esteve na delegacia. No local, ela soube que já era avó e conheceu Elias Azevedo, que afirma ser ex-marido de sua filha mais velha, que está com 22 anos. O homem também tinha procurado a polícia, alegando que queria ter contato com seu filho.

Sobre a situação de Carla, a assessoria de Flordelis emitiu uma nota. O texto afirmou que “a deputada criou os filhos da Carla com o mesmo carinho e atenção como criou todos os seus filhos. O que mais se diz sobre isso não é verdade e está fora do contexto dos dias de criação de crianças, que enfrentam problemas seja na adolescência, seja na juventude, como todas as demais crianças”.

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