Lava Jato mira perito judicial que superfaturava laudos
Profissional do TJ-RJ fazia "vista grossa" em relatórios para beneficiar empresas de transporte
Paulo Moura - 05/12/2019 07h39 | atualizado em 05/12/2019 07h44
Em nova fase da Operação Lava Jato, agentes da Polícia Federal (PF) e procuradores do Ministério Público Federal (MPF) cumprem na manhã desta quinta-feira (5), um mandado de prisão contra o perito judicial Charles Fonseca William, acusado de fraudar laudos para favorecer empresas de ônibus do estado do Rio de Janeiro em troca de propina. O perito atuava dentro do Tribunal de Justiça do Rio (TJ-RJ) superfaturando valores apurados em suas análises.
De acordo com informações dos órgãos envolvidos na operação, Charles fazia “vista grossa” nos relatórios técnicos que seriam usados como provas em processos judiciais e, através do recebimento de valores indevidos, manipulava as análises para não dar andamento em ações contra a Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor). A prisão preventiva dele foi autorizada pelo juiz Marcelo Bretas, titular da 7ª Vara Federal Criminal do Rio.
Mas o trabalho fraudulento não se baseava só em “livrar” as empresas de processos. Segundo a força-tarefa da Lava Jato, somente em uma das ações, Charles teria calculado uma indenização irregular de R$ 57,9 milhões, cobrada pela empresa Auto Comercial Tupi ao governo do Estado em razão de um congelamento ilegal das tarifas de ônibus.
A operação desta quinta, que também cumpre mandados na firma do perito, é baseada nas delações de Lélis Teixeira, ex-executivo da Federação das Empresas de Transporte de Passageiros do Estado do Rio (Fetranspor), de Marcelo Traça, ex-presidente o Sindicato das Empresas de Transportes Rodoviários do Estado do Rio (Setrerj), e de Álvaro Novis, doleiro e operador do esquema de propina liderado pelo ex-governador preso Sérgio Cabral.
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