Justiça obriga que abusadores façam curso de reeducação
Dezesseis homens acusados de abuso sexual em ônibus de SP passaram por curso no domingo
Camille Dornelles - 09/10/2017 12h29 | atualizado em 09/10/2017 12h48
Com o aumento do número de casos de homens que cometeram abuso sexual contra passageiras no transporte público de São Paulo, o Tribunal de Justiça do Estado (TJ-SP) obrigou que dezesseis acusados participassem de um programa de reeducação nesse domingo (8).
No curso, o sociólogo Sérgio Barbosa aponta que nenhuma mulher deve ser desrespeitada, em hipótese alguma, e que é preciso olhar para o outro de forma “humanizada”. O projeto foi decretado pela juíza Tatiane Moreira Lima. Para ela, mais vale reeducar do que cobrar multa.
– Quando há campanhas dessa natureza, o número de denúncias aumenta. Buscamos sensibilizar as pessoas que fazem o primeiro atendimento das vítimas, para que não ocorra nenhum pré-julgamento – declarou a juíza.
Além do curso, o projeto também inclui espalhar frases em cartazes pelos transportes públicos da cidade de São Paulo. “Abuso sexual não tem desculpa, tem lei”, “não existe mão-boba. Existe falta de caráter” e “omissão também é violência” são alguns exemplos.
No entanto, há críticas à medida. Nas redes sociais do TJ-SP, moradores apontam que esse tipo de abordagem é pouco eficaz e criticam o fato de os acusados não terem que pagar multa ou prestar serviços à comunidade.
– Com absoluta certeza, agora, a mulher que sofreu a agressão bestial não apenas está constrangida como, através dessa decisão, sentiu-se novamente violada e aqueles que a ajudaram, sentindo-se ridículos. Ora, ainda que fosse desqualificado como estupro, por certo, há medidas hábeis para retirar das ruas um “ser” incapaz de viver em sociedade. Agora, simplesmente soltar, é assegurar a impunidade! É incentivar o assédio sexual! – criticou uma mulher.
Outra internauta escreveu:
– Denunciar é quase uma Via Sacra e sabe no que dá? Em absolutamente nada! Nada!
Apesar das críticas, outra edição da campanha está confirmada para o mês de novembro.
LEIA TAMBÉM
+ Outra vez: Homem é preso após ejacular em passageira
+ Preso por assédio em ônibus de SP responderá por estupro
+ Sociedade critica performance de homem nu com crianças