Jovem autista surpreende ao se formar em Medicina
Professora infantil havia dito que Enã Rezende não poderia nem ser alfabetizado
Jade Nunes - 21/01/2019 13h52 | atualizado em 21/01/2019 17h44

Entre os pais dos formandos em Medicina, a mãe de Enã Rezende, a psicóloga Érica Rezende, deveria ser a mais feliz. Isso porque há quase 20 anos ela ouviu de uma professora que o então menino não poderia ser alfabetizado.
Nessa época, ele tinha 7 anos. Enã é autista e desde criança enfrentou preconceito por causa de sua condição.
– Eu dizia para mim: tenho que vencer na vida e mostrar que está todo mundo errado. Sempre soube que teria de lutar mais que os outros para conquistar meus objetivos – revela o rapaz ao portal G1.
O Transtorno do Espectro Autista (TEA), mais conhecido como autismo, é uma desordem complexa do desenvolvimento cerebral. O portador costuma ter dificuldade de socialização e comunicação, além de padrões de comportamentos considerados repetitivos, entre outros sintomas. Pela sua complexidade e subjetividade, é um transtorno de difícil diagnóstico.
Quando criança, Enã demorou a desenvolver a fala, não socializava bem e não conseguia olhar diretamente nos olhos de outras pessoas.
– Em contrapartida, tudo o que eu ensinava, ele aprendia na primeira vez – relembra Érica.
O jovem acredita que o interesse em Medicina surgiu ainda criança, após perder o pai em um acidente de carro. Ele morreu em decorrência de um traumatismo cranioencefálico.
– Eu ficava questionando minha mãe sobre como tinha ficado a cabeça dele. Ela até comprou um esqueleto para me explicar. Não era uma curiosidade normal para uma criança, mas isso me interessava – conta Enã.
A influência foi tamanha que ele pretende se especializar em neurocirurgia.
– Espero que eu possa salvar a vida de outros pais. A do meu pai não pôde ser salva, mas quero impedir que outras crianças fiquem sem pai – completa.
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