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“Irmãos morreram abraçados em incêndio” diz pastor

George Alves, pai das crianças, queimou os pés e as mãos tentando salvá-las

Natalia Lopes - 23/04/2018 21h34 | atualizado em 24/04/2018 11h03

Crianças dormiam no quarto quando o incêndio começou Foto: Reprodução

Na madrugada do último sábado, os irmãos Joaquim e Kauã, de 3 e 6 anos, morreram carbonizados enquanto dormiam. As crianças eram filhas de Juliana Sales, pastora em Linhares, no Espírito Santo. George Alves, marido de Juliana e também pastor, era pai do mais novo e padrasto do mais velho.

A tragédia que atingiu a família tem comovido muitas pessoas e gerado questionamentos sobre como tudo aconteceu. O casal faz parte do Ministério Batista Vida e Paz e tem se apoiado na fé. Em entrevista à imprensa nesta segunda-feira, George falou sobre a sua força.

– A única certeza que eu tenho é que o tempo é de Deus. Pessoas serão alcançadas por esse testemunho, não há nada que me faça parar, entrar em um quarto, entrar em depressão, há um senso de urgência. O mundo precisa de Deus – afirmou.

Culto de domingo
No domingo, dia seguinte ao acidente, a igreja de Conceição da Barra teve um culto muito emocionante. Na ocasião, o pastor Abisai Junior, amigo da família deu detalhes do caso.

Palavra da noite
E, para que não me exaltasse pela excelência das revelações, foi-me dado um espinho na carne, a saber, um mensageiro de Satanás para me esbofetear, a fim de não me exaltar. Acerca do qual três vezes orei ao Senhor para que se desviasse de mim. E disse-me: A minha graça te basta, porque o meu poder se aperfeiçoa na fraqueza. De boa vontade, pois, me gloriarei nas minhas fraquezas, para que em mim habite o poder de Cristo. Por isso sinto prazer nas fraquezas, nas injúrias, nas necessidades, nas perseguições, nas angústias por amor de Cristo. Porque quando estou fraco então sou forte. 2 Coríntios 12:7-10

Mãe das crianças
“A Juliana, mãe das crianças, é pastora, ela estava na cidade de Teófilo Otoni, Minas Gerais, participando de um congresso de dança. Avisaram a ela que a casa havia pegado fogo, mas era muito sofrimento avisar que os filhos tinham sido queimados”.

No hospital
“Ele (George) segurava forte na minha mão e sacudia a grade com a outra mão dizendo: “Eu não vou abandonar o meu Deus”. Eles abriram aquela porta do hospital, nós pegamos ele, e a gente não sabia o que fazer. Você vai chegar e falar o quê para a pessoa? Como você tá? Você vai perguntar o que está acontecendo? Você vai falar: ‘Deus te abençoe’? Você não sabe muito bem o que fazer. Eu abracei o George, os pastores vieram atrás”.

O acidente
“Eu fiz pra ele, dentro do carro, a pergunta que todas as pessoas fizeram quando ainda não sabiam a resposta da pergunta. Eu falei: ‘Cara, o que aconteceu? A porta do quarto emperrou?’. Ele falou: ‘Não. Eu vou explicar pra você'”.

O fato do quarto ter muita fumaça preta, fumaça, fumaça, fumaça… A cama estava toda incendiada, já tinha pegado fogo no guarda-roupa. Quando estava tudo incendiado, quando ele abriu a porta, o oxigênio fez com que o fogo quadruplicasse. Aí ele lutou contra o fogo, os cílios do George, se você perceber, tá todo enrugado, mesma coisa que você pegar um fio de cabelo e colocar no fogo. Os pés dele queimaram.

Choro
Ele foi em cima da cama apalpar a cama. Quando ele apalpou a cama, o fogo jogou ele para trás, pela fúria do fogo. Ele viu que as crianças não estavam lá, mas continuavam chorando. Mas ele não conseguiu ficar dentro do quarto nem 10 segundos direito.

Saiu de dentro do quarto, arrancou o portão da casa dele e viu duas pessoas passando num carro e chamou. Os caras tentaram entrar até que ele parou de ouvir o choro das crianças.

Aí, irmãos, o Corpo de Bombeiros achou as crianças abraçadinhas no canto do quarto, e isso impactou muito quem tava lá, porque os dois foram recolhidos em um único saco”.

Casal perdeu uma filha
“Eu fiquei pensando: perder um filho é uma coisa, perder dois filhos queimados é outra coisa. E perder três filhos, porque essa foto de Juliana e do George foi antes do culto de um domingo à noite, foi exatamente neste dia que a filha deles, do casal…

Ela vomitou no braço da minha mãe, ela estava passando mal e minha mãe tirou ela dos braços deles para eles poderem ficar à vontade no culto, porque minha mãe é intercessora lá na igreja. Ela foi cuidar da criança, para que o casal pudesse assistir ao culto.

Aquela ali, acho que foi a última foto da Helena. Dentro de mais ou menos um ano e meio atrás, eles perderam a filha e ontem eles perderam… Depois que tudo passar, só vai restar George e Juliana, porque agora nós estamos solidários, mas amanhã a gente volta para a nossa vida e nós esquecemos”.

Conselho
“Seja atento àqueles que estão próximos de você. Amanhã eles poderão não estar mais com você. Qual é o pai que calcula enterrar o filho? Pelo contrário. Os pais esperam que sejam enterrados pelos filhos. Em nenhum momento eu vi o George triste porque ele não deu atenção para os seus filhos. Pelo contrário”.


“Às vezes nós lemos o livro de Jó e parece que a história é uma alegoria criada para nos fazer entender a vontade de Deus. Mas o George é uma realidade muito próxima da gente e nele descobrimos que é possível mesmo em meio a dor cantar um hino de adoração”.


Exemplo
“Você precisa seguir o exemplo dessas duas crianças. De repente você ainda não se prostrou diante de Deus da forma como você deveria. Seus problemas não são maiores do que a Graça do Senhor”.

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