Jade Nunes - 22/03/2019 10h25

Após superar dificuldades e preconceitos, o indígena Dyakalo Foratu Matipu passou em primeiro lugar para Medicina. O vestibular aconteceu na aldeia Kuikuro, na região do Alto Xingu, em Mato Grosso.

No total, eram seis vagas para Medicina, cinco para Odontologia e duas para Medicina Veterinária.

Farato, como prefere ser chamado, é da etnia Matipu. Ele nasceu na Aldeia Kuikuro e cresceu na Aldeia Buritizal, as duas localizadas na região do Alto Xingu.

– Eu soube que teria vestibular na aldeia um dia antes da prova. Pedi uma moto emprestada para um amigo e fui para a aldeia, que fica a 340 km de Canarana, cidade onde moro. A estrada é de terra e como havia chovido, tinha muita lama. Eu não conseguia me manter na moto. Caía e levantava o tempo todo. Tive que empurrar a moto por mais de 2h. Sai às 5h e cheguei na aldeia às 18h40. Assim que cheguei, mesmo sujo de lama, fiz minha inscrição para o vestibular, que estava programado para o dia seguinte, às 9h – relatou ao portal G1.

Farato começou a estudar só aos 10 anos, mas conta que seu sonho sempre foi ser médico para ajudar as pessoas da sua aldeia.

– Eu acho que a palavra dos preconceituosos me dá mais energia para realizar meu sonho. Eu já tinha prometido há 17 anos, quando o contrato dos médicos que atendiam na nossa aldeia acabou. Lembro que chorei muito quando fiquei sozinho e prometi para mim mesmo que um dia eu faria medicina para ajudar meu povo.

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