Idosa envenenou nora durante 10 dias antes da dose fatal, diz MP
Elizabete Arrabaça teria cometido o crime em parceria com o filho, Luiz Garnica, marido da vítima
Thamirys Andrade - 02/07/2025 16h52 | atualizado em 02/07/2025 20h15

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) afirmou que a aposentada Elizabete Arrabaça, de 67 anos, já vinha envenenando a nora durante cerca de dez dias antes de aplicar a dose fatal que tirou a vida da vítima em 21 de março deste ano. As investigações apontam que a suspeita passou a levar alimentos para Larissa Rodrigues, de 37 anos, com frequência, e desde então a mulher começou a sentir-se mal.
A motivação, segundo o promotor Marcus Tulio Alves Nicolino, seria interesse financeiro. As apurações indicam que Elizabete e seu filho, o médico Luiz Antonio Garnica, de 38 anos, estavam com problemas financeiros e teriam decidido matar Larissa após ela pedir o divórcio em função da descoberta de que era traída pelo marido.
– Ele não estava em uma situação confortável financeira, a mãe também não. Então, com o divórcio, com certeza teria que dividir o apartamento que eles moravam e eventuais outros recursos, o que agravaria a situação financeira dele. Isso porque, além de ter que dividir o seu patrimônio, ele ainda estava ajudando a amante com uma certa quantia de dinheiro – declarou o promotor ao portal Metrópoles.
A partir dos rumores de separação, a sogra passou a visitar Larissa com frequência, levando pratos de comida para ela e administrando pequenas doses de veneno gradualmente.
– Há vários registros de que ela estava passando mal, sobretudo quando a sogra saía da casa dela ou levava algum alimento, alguma coisa [para comer]. Isso está materializado – adicionou o promotor.
As investigações ainda dão conta de que Luiz teria impedido que Larissa buscasse ajuda médica, afirmando que ele mesmo cuidaria dela.
No dia 21 de março, no entanto, a mulher mandou mensagens para o marido confirmando que daria entrada no processo de divórcio na segunda-feira seguinte. No mesmo dia da mensagem, Elizabete foi até o apartamento e administrou a dose letal em Larissa, segundo o Ministério Público.
A vítima foi declarada morta na manhã do dia seguinte. Luiz relatou à polícia que, quando chegou em casa, encontrou a esposa caída no banheiro, a levou para cama e fez manobras de ressuscitação. Posteriormente, chamou o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que confirmou o óbito.
Exames do Instituto Médico Legal (IML) apontaram que havia resquícios de chumbinho no organismo da vítima. Dessa forma, tanto Luiz quanto Elizabete foram presos e, posteriormente, indiciados por feminicídio com três qualificadoras: motivo torpe, uso de veneno (meio cruel ou insidioso) e impossibilidade de defesa da vítima.
OUTRA VÍTIMA
O caso levou os policiais a desconfiarem de que a irmã do médico e filha de Elizabete, Nathalia Garnica, de 42 anos, também poderia ter sido envenenada. A mulher morreu um mês antes de Larissa, supostamente por causas naturais. Para esclarecer a situação, a polícia exumou o corpo e concluiu que Nathalia também tinha sinais da substância tóxica no corpo.
– Ela [Elizabete] fez isso com a filha, achou que deu resultado, porque não se suspeitou de nada, se suspeitou apenas o que se confirmou na época, de que a filha tinha morrido de morte natural. Então, ela resolveu usar o mesmo método – acrescentou o promotor.
A motivação seria a mesma: dinheiro. Segundo o MP, Elizabete devia uma quantia de aproximadamente R$ 320 mil. Tendo em vista que a filha não era casada, nem tinha filhos, parte dos bens ficaria com a mãe.
A denúncia foi apresentada nesta terça (1°) ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP). Tanto Luiz quanto Elizabete negam as acusações.
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