Homem que ofendeu motoboy já apedrejou carro de vizinha
Com medo, mulher se mudou do condomínio onde o contabilista Mateus Couto mora
Paulo Moura - 10/08/2020 07h33 | atualizado em 10/08/2020 07h35

O homem que foi gravado humilhando um motoboy com ofensas racistas, em Valinhos, no interior de São Paulo, já foi flagrado há dois anos apedrejando o carro de uma vizinha do condomínio onde mora. A informação foi divulgada em uma reportagem do Fantástico, da TV Globo, que também relatou que a moradora se mudou pois ficou com medo do contabilista Mateus Couto, de 31 anos.
O psiquiatra que cuidou de Mateus confirmou que ele sofre de esquizofrenia paranoide. Entretanto, um outro especialista ouvido pelo programa afirmou que uma investigação do caso é necessária, pois Mateus não aparentava estar em surto psicótico durante as ofensas.
– Aparentemente, esse rapaz não estava em surto psicótico. Ele tinha capacidade mental, cognitiva, afetiva e ideal do controle que é demonstrado pelas atitudes, expressão verbal e gestos pelo vídeo – disse Paulo Clemente Sallet, psiquiatra do Hospital das Clínicas – USP.
No sábado (8), um grupo de entregadores organizou um buzinaço em frente ao condomínio onde o motoboy Matheus Pires foi vítima do ato racista. Segundo organizadores do evento, ao menos 100 entregadores e apoiadores estiveram presentes no protesto.
O CASO
O vídeo de um ato de discriminação viralizou na internet ao longo da última semana. As imagens feitas por um morador de um condomínio residencial de alto padrão mostram o contabilista Mateus Couto xingando e humilhando o entregador Matheus Pires, de 19 anos, por causa de um atraso na entrega.
O caso aconteceu em 31 de julho, mas só repercutiu após a mãe de Matheus Pires publicar as imagens nas redes sociais na noite desta quinta-feira (6). Durante o episódio, é possível ver Matheus sendo chamado de “lixo” e “semianalfabeto”.
https://www.instagram.com/p/CDmRKfJAUse/
O agressor diz ainda que o jovem tem “inveja da vida que as pessoas dali têm”, e afirma que o profissional não tem onde morar, nem “nunca vai ter nada disso aqui”. Em dado momento, o homem branco aponta para o braço e diz que o entregador negro tem inveja daquilo, mas nunca poderá ter aquilo. A Polícia Civil de Valinhos informou que não há inquérito aberto para apurar o caso.
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