Família de paciente descobre, após 50 dias, que ele morreu
Ele foi enterrado sem o conhecimento da família
Gabriela Doria - 20/08/2020 18h22 | atualizado em 20/08/2020 18h47

A família de um homem que estava internado no Hospital Municipal Salgado Filho, na Zona Norte do Rio de Janeiro, desde o dia 25 de junho, ficou indignada ao descobrir 50 dias depois que ele havia morrido. Ele foi enterrado no última dia 5, sem o conhecimento da família.
De acordo com Tainara de Souza, seu pai deu entrada no hospital com quadro de Acidente Vascular Cerebral (AVC). Já na unidade, foi confirmado que ele estava com Covid-19 e as visitas foram suspensas. Desde então ela só conseguia informações sobre o pai via WhatsApp.
Tainara disse que ficou sabendo da morte do pai por uma coincidência.
– Só fiquei sabendo porque trouxe meu irmão, que estava passando mal. Aproveitei que já tinha conseguido entrar e fui até a sala amarela, onde ele tinha ficado. Por eu não ter achado, vim aqui na recepção. A pessoa que estava lá falou que o nome dele não estava no sistema. Ela pediu para esperar e foi procurar. Depois ela me levou até um lugar onde ela encontrou o registro de que ele tinha morrido. A gente quer pelo menos saber onde que enterrou. A gente quer se despedir. É difícil. Dói muito. Para mim isso foi um descaso muito grande – desabafou.
Ela disse ainda que sempre tentava contato com hospital, inclusive após o dia 1º de julho, quando ele morreu. Tainara disse não ter tido resposta e que acreditava que seu pai estava vivo. Antes deste dia, ela ainda recebia informações da unidade de saúde.
– Tentei várias vezes falar com eles. Só não consegui vir porque fiquei desempregada e não tinha como pagar a passagem, mas não fazia ideia de que isso pudesse ter acontecido – afirmou.
O Hospital Municipal Salgado Filho, por sua vez, diz que procurou a família através do telefone cadastrado e também enviando telegramas para o endereço oferecido pela família. No entanto, os parentes do paciente não foram encontrados. A família discorda da alegação.
– É impossível que eles tenham ido lá em casa e ninguém estivesse. Minha avó tem dificuldades de locomoção e está sempre em casa. Não faz sentido isso – disse Tainara.
Segundo a diretora-geral do hospital, Carla Cantisano, a falta de contato com a família fez a unidade de saúde acionar o Detran para confirmar a identidade da vítima. Após a confirmação, eles fizeram o enterro no Cemitério de Irajá. Todo o processo levou mais de um mês e o homem só foi sepultado no dia 5 deste mês.
A diretora do Salgado Filho diz que houve uma “deficiência de informação no cadastro”.
– No momento em que você não consegue falar no telefone informado e no momento em que o telegrama não é entregue.
A Secretaria Municipal de Saúde informou que abriu uma sindicância para apurar o que aconteceu neste caso.
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