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Família de congolês morto no Rio decide recusar quiosque

Eles disseram que já sofreram ameaças e que não se sentem seguros para administrar o local

Pleno.News - 11/02/2022 20h58 | atualizado em 11/02/2022 21h04

Jovem congolês foi morto após ser agredido Foto: Arquivo Pessoal

A família do congolês Moïse Kabagambe, espancado até à morte na Barra da Tijuca, na zona oeste, no dia 24 de janeiro, disse que já sofreu ameaças e não se sente segura para assumir o gerenciamento dos quiosques Biruta e Tropicália oferecidos à família pela Prefeitura. A ideia era criar ali um memorial em homenagem ao jovem morto e, ao mesmo tempo, oferecer uma oportunidade de trabalho à família.

– Se ele [o prefeito Eduardo Paes] quiser fazer ali um memorial para Moïse, ele pode fazer, mas nós não vamos ficar com esses quiosques (…) Nós não somos bem vindos ali – afirmou Gabie Nzazi, primo de Moïse.

O advogado Álvaro Quintão, da Comissão de Direitos Humanos da OAB, que está acompanhando a família, confirmou a decisão.

– A família se reuniu ontem e, analisando a proposta com calma, percebeu que não teria nenhuma segurança – afirmou.

E continuou.

– Ainda existe uma discussão muito grande sobre quem seriam os donos dos quiosques. A polícia ainda não conseguiu identificar todas as pessoas que aparecem nas imagens [do linchamento], que atuam e trabalham nos quiosques. Ou seja, por motivo de total insegurança e medo a família decidiu não aceitar a proposta – explicou.

O gerenciamento dos quiosques até 2030 foi oferecido à família do congolês na última segunda-feira, pelo prefeito Eduardo Paes (PSD). A concessão do Tropicália, onde o jovem congolês foi morto no último dia 24, poderia ser feita imediatamente, segundo o prefeito. Mas a do quiosque contíguo, o Biruta, teria que aguardar a resolução de pendências judiciais.

Pela documentação da Rio Orla, o atual administrador do Biruta é Celso Carnaval, que já afirmou que não pretende abrir mão do quiosque. A concessionária cancelou o contrato no ano passado e move uma ação de reintegração de posse contra Carnaval. Acusa-o de sublocar o quiosque, entre outras irregularidades. Ele diz ser concessionário há muitos anos e nega ter feito alguma coisa errada.

Durante os depoimentos à polícia, dois dos homens que agrediram Moïse identificaram como dono do Biruta o policial Alauir Mattos de Farias. O policial, porém, disse que sua irmã, Viviane de Mattos Faria, gerenciava o estabelecimento. Disse que aparecia por lá informalmente, apenas para ajudá-la.

No caso do Tropicália, o contrato está suspenso por conta das investigações do crime. Segundo a Prefeitura, se ficar comprovado que não há envolvimento do dono com a morte de Moïse, ele será devidamente indenizado. Carlos Fábio da Silva Muzi seria o proprietário de fato do quiosque. Entretanto, pela documentação da Rio Orla, o estabelecimento está no nome do sogro de Muzi, Arnaldo Monteiro de Almeida.

De acordo com os advogados da família de Moïse, deve haver novo encontro com o prefeito Eduardo Paes (PSD), provavelmente na próxima semana.

– Queremos conversar de novo com ele (o prefeito) para ver se ele pode ajudar de outras formas – afirmou o primo do jovem assassinado.

*AE

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