Falso delegado é preso ao deixar mulheres em cárcere privado
Everton Matte mantinha mulheres em apartamento e as impedia de deixar o local
Paulo Moura - 24/03/2022 14h58 | atualizado em 24/03/2022 15h23
Um homem que se passava por delegado da Polícia Federal (PF) foi preso em flagrante nesta quarta-feira (23) em Niterói, na Região Metropolitana do Rio de Janeiro. Ele mantinha as mulheres em cárcere privado e forçava para que fizessem fotos nuas. Três vítimas haviam sido atraídas por uma proposta de trabalho como atrizes em um filme.
Identificado como Everton Matte, o homem está sendo indiciado pelos crimes de estelionato, cárcere privado e por ter praticado conjunção carnal e atos libidinosos com uma adolescente de 14 anos. A polícia afirma que ele usava o endereço de sua casa, onde exibia armas de brinquedo e uma placa com seu suposto cargo, como set de filmagens e sede da suposta produtora audiovisual.
Os crimes praticados por Everton só foram descobertos depois que uma das vítimas fugiu e levou o caso à polícia. Para manter as mulheres em cárcere privado, ele se passava por delegado para intimidar as vítimas.
– Ele usava essa figura de delegado para intimidar, para forçá-las a não tentar a fuga porque ele, sendo policial, conhecia todos os policiais de Icaraí [bairro de Niterói]. As armas [encontradas no apartamento] não são verdadeiras – disse o delegado Túlio Pelosi, titular da 35ª DP, delegacia em que a denúncia foi feita.
Everton já tinha passagem pela polícia por estupro e pedofilia, sobre os quais não houve condenação. Nesta quarta, além de resgatar as duas vítimas, a polícia apreendeu computadores e equipamentos eletrônicos, além das armas falsas. Um outro homem também foi preso no endereço, suspeito de fazer parte do esquema. Um terceiro envolvido fugiu.
O GOLPE
De acordo com a terceira vítima, que levou o caso à polícia, a história começou após ela ser atraída pela promessa de fazer um trabalho como atriz. A mulher teria tomado conhecimento do trabalho em questão ao ver um post em redes sociais sobre a produção de um filme. A obra cinematográfica seria produzida pela Matte Filmes, pertencente a Everton.
A atriz entrou em contato por telefone e agendou duas gravações. A primeira foi feita em um restaurante da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio de Janeiro, no dia 8 de fevereiro. Ao realizar esse trabalho, ela recebeu o pagamento de R$ 250 via PIX.
Na segunda gravação, porém, o endereço escolhido foi bem diferente. O local seria a tal sede da produtora cinematográfica, na Alameda Carolina, em Icaraí, na cidade de Niterói, que também era a casa de Everton. A atriz fez uma gravação e, ao final, quando foi tomar banho e trocar de roupa, outras duas mulheres entraram no banheiro, chorando e pedindo ajuda.
Ao conversarem com a terceira vítima, as duas disseram que ela deveria sair do local. Ao tentar sair do apartamento, a vítima mais recente do falso delegado viu que não conseguia. Na ocasião, Everton alegou que ela não deveria ir embora porque uma gravação, até então não prevista, estava agendada para a manhã do dia seguinte.
Uma das vítimas relatou que Everton propôs que ela fizesse fotos nua, mas ela não aceitou, o que, de acordo com a vítima, o deixou visivelmente contrariado. O homem então a obrigou a assinar contrato de exclusividade que a forçava a fazer vários serviços e, caso ela não concordasse, seria um caso de quebra de contrato, com multa rescisória de R$ 30 mil.
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