Falsa enfermeira fazia vacinação por ‘delivery’ em BH desde março
Cuidadora de idosos aplicou golpes em empresários da região
Pleno.News - 01/04/2021 18h47 | atualizado em 01/04/2021 19h10
A falsa enfermeira, presa pela Polícia Federal por realizar suposta vacinação contra Covid-19 em garagem de empresa de ônibus em Belo Horizonte, já atuava com o esquema na cidade desde o início de março, conforme investigações da Polícia Federal. A mulher, que foi levada para a Penitenciária Estevão Pinto na noite de terça-feira (30), teve a prisão temporária convertida em preventiva.
As autoridades constataram que a mulher, que na verdade era uma cuidadora de idosos, atendia também a domicílio. De acordo com as investigações, um dos bairros em que ela mais fez “atendimentos” – em casas e apartamentos – foi o Belvedere, de classe alta.
– Os moradores [de] lá estão todos sem saber o que fazer – afirma um empresário que frequenta a região.
Diligências feitas pela Polícia Federal encontraram, na casa dela, ampolas de soro fisiológico. A suspeita é que era isso que vinha sendo aplicado nas pessoas que contratavam seus serviços.
Conforme a Polícia Federal, a falsa enfermeira, com os recursos que ganhava com a aplicação da “vacina”, estava comprando um carro e um sítio. Segundo a revista Piauí (que denunciou a ocorrência de uma vacinação irregular contra a Covid-19 na garagem de ônibus, em reportagem publicada no dia 24), a falsa enfermeira cobrava R$ 600 por duas doses do que afirmava ser a vacina.
VACINAÇÃO NA GARAGEM DA SARITUR
Vídeos aos quais o Estadão teve acesso mostram uma mulher de jaleco branco em meio a carros, em uma garagem no bairro Caiçara, região Noroeste de Belo Horizonte. Segundo as apurações da PF, a suposta vacinação ali ocorreu nos dias 22 e 23. Pelo menos 80 pessoas passaram pelo local naquelas duas noites.
A garagem é de uma empresa que pertence ao grupo Saritur, conforme informações de um funcionário repassadas à reportagem no local. No início desta semana, os empresários Rômulo Lessa e Robson Lessa, da Saritur, prestaram depoimento à PF e afirmaram ter comprado o que acreditavam ser imunizantes da Pfizer de forma irregular.
Legislação aprovada pelo Congresso Nacional autoriza a importação de vacinas, desde que sejam repassadas ao Sistema Único de Saúde ao longo do período em que são imunizados grupos prioritários, como idosos e agentes de saúde.
INVESTIGAÇÃO DA PF
A PF inicialmente trabalhava com três linhas de atuação: desvio de vacina do SUS, contrabando do imunizante ou golpe.
Na segunda-feira (5), o filho da falsa enfermeira prestará depoimento à Polícia Federal. A suspeita da PF é que ele seja o responsável pelo recebimento dos pagamentos, que ocorriam muitas vezes via PIX, o que vai facilitar as investigações das autoridades.
Além da compra de imóvel e de veículo, outro indício de que a falsa enfermeira vinha aplicando o golpe de forma mais ampla pela cidade é que, antes de comparecer na terça-feira à garagem da empresa no bairro Caiçara, ela já havia passado em outros dois locais.
*Estadão
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