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Ex-capitão do Bope diz que força tática evitou mal maior

Paulo Storani é especialista em segurança pública e explicou os procedimentos

Mayara Macedo - 20/08/2019 14h23 | atualizado em 20/08/2019 15h14

A ação do atirador de elite da Polícia Militar, que disparou e matou o homem que sequestrava um ônibus na ponte Rio-Niterói, foi um procedimento tático adequado à situação, diz Paulo Storani, ex-capitão do Bope (Batalhão de Operações Especiais), especialista em segurança pública.

O sequestrador, identificado como Willian Augusto Nascimento, de 20 anos, manteve o motorista e 36 passageiros do veículo como reféns por quase quatro horas. O sequestro começou por volta das 5h30 desta terça-feira (20).

Storani explica que há uma escala de alternativas táticas em casos do tipo. A primeira e principal aposta é a negociação, que neste caso foi encabeçada por policiais rodoviários e do Bope.
Ao longo de três horas, o sequestrador trocou mantimentos pela liberação de seis reféns: quatro homens e duas mulheres.

Quando a negociação parece não estar levando ao desfecho do sequestro, a segunda opção é a utilização de artefatos explosivos (que não foi feita) e a terceira é o apelo ao sniper. Essas duas alternativas levam necessariamente a quarta, que é uma intervenção tática, ainda segundo Storani.

Quem dá o sinal verde para que o atirador de elite dispare é, neste caso específico, o comandante ou subcomandante do Bope, que assume o papel de gerente da crise, afirma o especialista.

– A partir daí o policial espera o melhor momento para gerar o menor risco para os reféns – disse.

Segundo Storani, a decisão não passa pelo governador.

– Houve más experiências ocorridas no passado, com intervenções de políticos neutralizando medidas técnicas. Hoje, a corporação se blinda e resiste a tais pressões – explica.

Ele diz o perfil do sequestrador pode ter determinado a ordem para disparos. Tal perfil, explica, é feito a partir das perguntas durante a negociação, das atitudes do criminoso e de informações coletadas com os reféns liberados.

– Isso determina como vão evoluir as alternativas táticas – diz.

AMEAÇAS
O porta-voz da PM, coronel Mauro Fliess, afirmou que todos os protocolos foram seguidos e a negociação foi difícil porque o sequestrador ameaçava incendiar o ônibus. Ele também disse que houve independência do gerente de crise em relação ao governo do estado.

Após horas de cerco, por volta de 9h, o atirador de elite em cima de um caminhão disparou e fez um sinal de positivo, no momento em que o sequestrador sai do ônibus para se livrar de uma mochila. A corporação não confirmou quantos disparos foram feitos.

A pistola que Nascimento usou no sequestro, segundo a polícia, era de brinquedo, mas ele também tinha uma faca, um taser (arma que dá choques elétricos), um galão de gasolina que ameaçou usar para atear fogo no veículo e chegou a jogar um coquetel molotov na direção dos agentes.

Para Storani, uma operação concluída com sucesso é “quando todos são salvos, sem nenhum ferido”. Mas, se não for possível, a prioridade é resgatar os reféns. A vida do sequestrador é considerada um “efeito colateral”.

– O procedimento técnico evitou um mal maior. Foi preciso tirar uma vida para salvar mais de 30 passageiros. A missão foi cumprida: salvar os reféns – diz ele.

O governador Wilson Witzel (PSC) chegou ao local da ocorrência logo após a execução de Nascimento, de helicóptero, e celebrou o desfecho. Ele determinou a promoção dos policiais envolvidos na ação, cujos nomes foram omitidos para evitar retaliações de criminosos.

Ações deste tipo são previstas no Código Penal, como legítima defesa de terceiros. Até a conclusão desta reportagem, a polícia dizia não saber as motivações que levaram o suspeito a sequestrar o ônibus.

*Folhapress

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