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Governador já adotou medidas mais severas contra Covid-19

Pleno.News - 17/03/2020 21h55 | atualizado em 17/03/2020 22h07

Estado do RJ está restringindo circulação de pessoas Foto: EFE/Antonio Lacerda

O governo do Rio de Janeiro, o segundo estado com mais casos confirmados de coronavírus (33) no país, foi o que determinou as restrições mais severas à população para tentar reduzir o ritmo da contaminação pelo novo vírus.

O governador Wilson Witzel (PSC) proibiu a entrada e saída de transportes coletivos na região metropolitana, suspendeu a chegada de linhas interestaduais de locais em situação de emergência em razão da epidemia (como São Paulo), determinou a redução da lotação dos veículos, obrigou o fechamento de cinemas e teatros e recomendou a redução no movimento de bares e restaurantes.

A Polícia Militar e os Bombeiros também estão orientando banhistas a deixarem as praias. O prefeito Marcelo Crivella (Republicanos) também determinou ainda o fechamento de parques municipais e espaços de lazer, como a Quinta da Boa Vista e o Parque Madureira.

As medidas já foram sentidas no trânsito da cidade. O Rio Ônibus (sindicato das empresas municipais do setor) estima que o número de passageiros nos coletivos da capital caiu à metade. O engarrafamento foi 89% menor no Rio de Janeiro do que a média diária entre as 8h e 9h, horário de pico da manhã na cidade.

Desde o início da semana, Witzel tem pedido “pelo amor de Deus” para que as pessoas evitem sair de casa.

– Não podemos permitir a irresponsabilidade das pessoas acharem que nós vamos passar por esse vírus sem passar por uma tragédia humana. É preciso dizer para as pessoas que quem desafiou o vírus está chorando pelos mortos – disse Witzel ao Bom Dia Rio, da TV Globo.

O infectologista Roberto Medronho, coordenador de um grupo da UFRJ para estudar o coronavírus, diz que todas as medidas que visem restringir a mobilidade e o contato social são bem-vindas.

Ele afirma que a velocidade de disseminação do vírus pode variar entre os estados e que a hipótese ainda será pesquisada pelo grupo.

– Vamos avaliar se essas medidas adotadas no Rio vão fazer com que a curva seja diferente da de um estado que não tenha adotado. Não temos muitas certezas, mas o que temos visto é que nações que instituíram medidas restritivas bem no início tiveram mais êxito do que as que não adotaram, como a Itália – diz o médico.

O decreto que estabelece as restrições tem prazo de 15 dias, mas o próprio governador afirmou estimar que elas devem se manter por até três meses. Witzel reconhece que não tem poder sobre algumas atividades, como shoppings, cujos alvarás de funcionamento são emitidos pela prefeitura. Mas não descartou atuar mesmo fora de sua alçada.

– Espero não ter que tomar medidas mais duras contra quem quer que seja. Mas se precisar, eu vou avaliar e vou tomar as medidas no momento certo. Salvar vidas humanas justifica qualquer ato um pouco mais contundente, inclusive ultrapassando as atribuições de cada um – disse ele, à rádio CBN.

As medidas restritivas já tiveram impacto econômico imediato.

Na segunda (16), a rede de cinemas Kinoplex anunciou férias coletivas para suas equipes na cidade. A Cinemark ofereceu demissão voluntária ou um programa de qualificação de um mês, para o qual espera obter recursos do FAT (Fundo de Amparo ao Trabalhador).

O presidente do sindicato dos trabalhadores do setor, Paulo Roberto da Silva Balmant, disse cerca de 95% dos empregados do Cinemark optaram pela segunda opção e ficarão em casa. O setor de cinemas e teatros emprega cerca de 2,5 mil na capital e Niterói, segundo ele.

Outra medida de Witzel recomenda a restrição a 30% da capacidade de funcionamento de bares, restaurantes e lanchonetes, mas com normalidade de entrega e retirada de alimentos no próprio estabelecimento. Fernando Blower, presidente do Sindicato Municipal dos Bares e Restaurantes do Rio de Janeiro, defende o respeito ao decreto do governo.

– Cumprir a limitação não será um problema, pois já tem pouco cliente circulando – disse Blower.

Muitos locais, porém, devem até fechar as portas no período por falta de funcionários.

– São bares e restaurantes que depois de três anos de crise econômica no Brasil estão com o caixa no limite e não têm dinheiro para superar esse momento – afirmou Blower.

O sindicato diz que 160 mil pessoas são empregadas no setor na capital.

*Folhapress

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