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Exclusivo: Flordelis desabafa 1 ano após morte do marido

"Eu prometo todos os dias manter o legado dele vivo", afirma a deputada

Virgínia Martin - 15/06/2020 13h47 | atualizado em 15/06/2020 14h49

“Nós conversávamos muito, fazíamos tudo juntos” Foto: Reprodução

No dia 16 de junho de 2019, o pastor Anderson do Carmo foi assassinato em sua própria casa, em Niterói (RJ), após chegar de carro com sua esposa. Flordelis estava casada há 25 anos com Anderson. Juntos, atuavam no trabalho político, social, religioso e eram pais de 55 filhos, entre adotivos e biológicos. Flordelis, também pastora, cantora e deputada federal (PSD-RJ), viu dois de seus filhos serem acusados e presos pelo assassinato do marido.

Entre brigas de família, acusações e intrigas, Flordelis passou a fazer parte de um processo de investigação e esteve prestando depoimentos à Polícia, que afirmou que o inquérito está completo. Passado um ano do trágico episódio, a deputada federal concede entrevista ao Pleno.News e revela como está sua vida e atuação política hoje, o que pensa sobre o crime, nega que tenha visitado o filho na prisão e afirma que há muita coisa que ainda está encoberta.

No dia 16 de junho, vai fazer 1 ano que o pastor Anderson foi morto e a senhora perdeu seu esposo. O que avalia sobre todo este processo que se desenrola até hoje? Que conclusão tem sobre tudo o que aconteceu até aqui?
Vai fazer um ano que meu marido morreu. Na verdade, foi arrancado de mim. Sinto muita falta dele. A ausência dele tem sido cada dia mais difícil em minha vida porque fazíamos quase tudo juntos. Éramos muito ligados um ao outro.

O que me mantém viva e de pé é que eu prometo a ele todos os dias que eu vou continuar o legado dele e não vou deixar este legado morrer junto com ele. Isso tem me mantido de pé e tem me feito levantar da cama todos os dias. E também me ajuda o apoio e as orações das pessoas que têm estado presentes na minha vida, ligando, orando e me abraçando. Pessoas que oram por mim todos os dias.

Eu não fui visitar filho nenhum. Eu fui levar uma custódia

Sobre a afirmação de que a senhora foi visitar seu filho Lucas na prisão, isso procede? O que aconteceu para que a senhora chamasse atenção com esta atitude?
Quanto a minha visita no presídio, falaram que eu fui visitar o meu filho Lucas. Isso não é verdade, isso é uma mentira. Até porque durante esta pandemia, o governo do estado proibiu visita aos presos. Como sempre, a mídia mente, acusa. Eu estou cansada de tantas mentiras ao meu respeito. Estou ficando exausta de, além de não ter mais ele comigo, ainda tenho que passar por essas mentiras e acusações indevidas.

Eu não fui visitar filho nenhum. Eu fui levar uma custódia. Todo preso tem direito à custódia durante esta pandemia, seja de remédios, de comida, de roupas. Foi pedido uma ajuda aos familiares para que ajudassem o governo nesta situação difícil que os presos estão vivendo neste período de pandemia. Eu, além de ser mãe, sou uma pastora. O que foi levado lá foi uma custódia do Lucas, assim como é levada a custódia do Flávio. Não houve visita. Há um ano eu não vejo meus filhos. Então, é mais uma mentira ao meu respeito.

A senhora espera pela justica de Deus sobre todo este caso? Como acha que a Polícia vai concluir sobre a morte de seu esposo?
Eu não espero. Eu tenho certeza da justiça de Deus. Ainda há muita coisa em sigilo, tem muita coisa que não pode ser dita. Mas vai chegar o dia em que as coisas poderão ser ditas. Muitas coisas que já aconteceram e continuam acontecendo.

Eu, apesar de ter passado por muitas coisas ruins e péssimas, continuo acreditando na justiça da terra. Acredito que a Polícia vai fazer o seu melhor. Acredito que tudo vai ser esclarecido. E acredito muito mais na justiça de Deus. Nada vai ficar oculto ou encoberto, porque nós somos servos de Deus. Meu marido era pastor e homem de Deus. Eu sou serva de Deus. Eu creio muito na justiça de Deus. A justiça do homem pode até falhar ou tardar. Mas a justiça de Deus chega e chega na hora certa, no momento certo. E eu tenho certeza disso.

Ainda há muita coisa em sigilo, tem muita coisa que não pode ser dita. Mas vai chegar o dia em que as coisas poderão ser ditas

E confio no trabalho e na competência de meus advogados. São homens tementes a Deus e são também guiados por Deus. E pelo histórico que têm, irão fazer um competente trabalho.

Sobre seus planos como deputada federal, como tem sido sua atuação?
Sou deputada federal, eleita por um povo que votou em mim e confia em mim. Meu trabalho continua na luta a favor do povo.

Há um ano, confesso que estava sem condições nenhuma de atuar. Mas agora estou retomando aos poucos a minha vida porque tenho obrigações com o povo que me elegeu. Foram quase 200 mil votos. E tenho obrigações com estas pessoas. E tenho obrigações com o povo de todo estado, mesmo para com quem não me elegeu.

Nosso trabalho sempre foi focado no social e não vai ser diferente agora

Eu luto pelo social, luto pelos menos favorecidos. Sempre foi esta a minha bandeira ao lado de meu marido. Nosso trabalho sempre foi focado no social e não vai ser diferente agora. Vou continuar sozinha, sem ele, mas vou continuar lutando pelos menos favorecidos, por quem mais precisa, fazendo os projetos de lei, pois este é o papel de um deputado federal. Já tínhamos feito alguns projetos de lei e vamos dar andamento neles. E vamos continuar.

O legado continua, assim como meu trabalho como deputada federal. Não vou desistir! É uma promessa que faço aos meus eleitores, ao povo que me acompanha, a todos os que caminham comigo e que não me viraram as costas e que permanecem do meu lado. Eu hoje tenho muito mais pessoas do meu lado do que contra mim. São pessoas que sempre acreditaram em mim e continuam acreditando. Meu mandato não é meu, é das pessoas que votaram em mim. Vamos à luta porque acredito em um Brasil melhor e em um Rio de Janeiro melhor.

Quem é a Flordelis hoje, passado 1 ano?
Mudei muito. Não tem como ser a mesma pessoa sem o meu marido, sem a presença dele, que era fundamental. Nós conversávamos muito, fazíamos tudo juntos. Minha carreira como cantora, nosso ministério de pastores, nossas igrejas, meu mandato de deputada federal. Fazíamos tudo juntos.

Eu prometo todos os dias manter o legado dele vivo

Não tem como ter a mesma força que eu tinha quando eu tinha ele comigo. É tudo muito diferente e difícil. Hoje aprendi a não confiar muito nas pessoas. Confio menos. Mas não desisto de lutar por elas. Passei por processos difíceis. Pessoas que diziam que confiavam em mim e me amavam, simplesmente me viraram as costas, sem me dar direito de defesa, sem sequer me ouvir. Fui acusada sem causa e sem motivo algum. Qual motivo eu teria de matar meu marido ou mandar matar meu marido?

Um ano sem meu marido. Um ano sem vida, sem chão. O que me renova todos os dias é que eu preciso me manter viva. Eu prometo todos os dias manter o legado dele vivo. É o legado dele vivo que vai me manter viva. Mas não sou mais a mesma pessoa e nunca mais vou voltar a ser. Não tem como ser a mesma pessoa ao sentir na pele tanta covardia.

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