Paulo Moura - 06/08/2020 09h00 | atualizado em 06/08/2020 10h54

O desembargador Eduardo Siqueira, flagrado no dia 18 de julho humilhando um guarda civil municipal após ser abordado por não usar máscara em Santos, no litoral de São Paulo, voltou a ser visto desrespeitando o decreto que obriga o uso do item. Imagens de uma moradora da cidade mostram Eduardo andando por uma das praias do município sem utilizar a proteção.

O registro foi feito na manhã de quarta-feira (5), segundo uma moradora, que prefere não se identificar. A mulher relata que o desembargador estava caminhando pela faixa de areia, com a máscara no pescoço, enquanto falava ao celular, em uma cena que durou cerca de 20 minutos.

– Passou a Rua General Rondon, avistou uma viatura da GCM, deu meia volta e colocou a máscara – descreve a moradora.

Procurado pelo portal G1 para falar sobre o caso, o desembargador disse que a moradora deveria fazer uma acusação por escrito, autenticada, para que fosse verificado se o homem na praia era ele. Siqueira não confirma que estava na praia, mas não negou ao ser questionado.

– Eu não me lembro. Provavelmente não era eu – disse.

Siqueira se defendeu dizendo que estava trabalhando no dia citado, a partir das 13h30, apesar do registro ser da manhã de quarta, segundo a moradora. O magistrado ainda debochou dos guardas municipais dizendo que não dá “a menor bola para eles”.

– Uma coisa que eu ignoro são essas viaturas da guarda, esses meninos para cima e para baixo. Não dou a menor bola para eles, é um desprazer ver eles estragando, destruindo, poluindo a praia – disse o desembargador.

O primeiro registro, em que o magistrado é visto humilhando o agente da GCM de Santos, foi feito no dia 18 de julho. Na ocasião, ele chama um dos guardas de ‘analfabeto’, chegando a rasgar a multa aplicada contra ele e jogar o papel no chão. Por fim, o desembargador ainda liga para o secretário de Segurança Pública do município, Sérgio Del Bel.

Segundo o Tribunal de Justiça de São Paulo (TJ-SP), Eduardo Siqueira já foi alvo de 40 procedimentos nos últimos 15 anos, todos arquivados. No dia 27 de julho, o magistrado ainda alegou ao Conselho Nacional de Justiça (CNJ) que foi vítima de “armação”. Siqueira é investigado no CNJ em razão do ato contra os guardas.

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