Mãe de Felipe Heiderich desabafa sobre caso do filho
Após história de horror vivida pelo filho, dona Nerli Neuza também fala sobre o que percebia da ex Bianca Toledo
Virgínia Martin - 04/03/2020 14h17 | atualizado em 30/09/2020 11h35
Pela primeira vez, a mãe do pastor Felipe Heiderich aceitou falar sobre tudo o que sentiu e viveu após o filho ter sido acusado de estuprar o enteado. Nascida em Baixo Guandú, no Espírito Santo, Nerli Neuza Heiderich tem 66 anos e aceitou dar uma entrevista exclusiva ao Pleno.News, em que desabafa sobre suas dores como mãe diante da história dramática que Felipe Heiderich, pastor, teólogo e escritor, viveu a partir de 2016.
Casado com Bianca Toledo desde 2013, pastor Felipe viveu por três anos com a cantora e o filho dela, que era fruto do casamento anterior. Em 2016, a criança tinha 5 anos e Felipe, que tinha um trabalho renomado e conhecido, foi acusado pela esposa de ter estuprado o menor. Assim, começou a história de terror de Felipe, que foi internado como louco durante oito dias em um hospício e depois detido por cinco dias em Bangu, no Complexo Penitenciário de Gericinó, na cidade do Rio de Janeiro.
Em abril de 2019, Felipe foi absolvido pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Nada o apontou como culpado. A partir de então, o pastor declara que vem sendo perseguido pela ex Bianca Toledo com ameaças de morte e com novas denúncias.
Enquanto isso, dona Nerli chegou a fica com 43 quilos e passou a sofrer com o filho, acompanhando todo o processo. Mas manteve-se calada. Felipe conta que ela mal podia ouvir certas palavras sobre o caso que passava mal. Nesta entrevista, a mãe do pastor decide se abrir e responde as perguntas.
Como era o jovem Felipe como homem solteiro? Era caseiro, era namorador, era que tipo de rapaz?
Ele sempre foi um rapaz cristão. Desde criança, fazia parte das programações da igreja e namorava sim, como qualquer um dos rapazes da época dele.
Quando seu filho começou a se relacionar com Bianca Toledo, qual foi a sua percepção como mãe sobre o relacionamento deles?
Ele a levou até Minas pra eu conhecer. Esteve menos de uma hora em minha casa. Ela se irritou com alguma coisa, deu um chilique. Olhei para ele com um olhar de reprovação, mas ele deu desculpas, dizendo que era tudo sequela do que ela havia passado. Ele sempre tentou protegê-la, mas ela não me convenceu.
Ela se irritou com alguma coisa, deu um chilique
Após acusação de estupro de menor contra seu filho, o que veio em sua mente sobre a situação? Como mãe, o que achou que estava acontecendo?
Pensei que era mais uma das muitas crises estranhas que ela tinha. Conheço meu filho, sei que seria incapaz de tal ato.
Seu filho ficou cinco dias confinado em um hospício e a senhora não foi informada. O que a senhora fez quando começou a achar estranho o sumiço de Felipe?
Mandei várias mensagens pra ele sem parar. E não obtive respostas. Foi quando comecei a mandar mensagem pra ela também. A princípio, ela falou de tumor, de tentativa de suicídio e, por último, dessa atrocidade. E que ela o havia internado numa ótima clínica, recomendada por sua mãe. Mas não me dizia onde estava.
Foi quando uns amigos e frequentadores da AME (igreja que meu filho pastoreava) conseguiram me localizar através do telefone de meu outro filho. Disseram pra eu fazer o jogo dela pra conseguir localizá-lo. Assim eu fiz, e ela me mandou um link da fachada da tal clínica, em conjunto com esse grupo, a localizamos e fui até ao Rio.
Ainda entro em pânico quando lembro do que vi
O que aconteceu quando a senhora conseguiu localizar seu filho? E como aconteceu seu encontro com ele?
Amanheci na clínica e não me deixaram vê-lo. Uma tal de Angela, que disse ser terapeuta familiar, falou que eu só poderia vê-lo na hora da visita. Eu a questionei porque a outra chegou com dois homens, dizendo que um era um pastor e o outro era um advogado e entraram pra falar com o Felipe. Essa Angela foi muito rude comigo e me disse que a outra podia porque era esposa, e que eu aguardasse a hora da visita. Mas não me davam informações. Era como se eu não existisse. E meu filho já estava sem contato algum com o mundo exterior há oito dias.
É a primeira vez que falo sobre isso. Nem com meu filho consigo narrar essa história direito
Assim fiz, e quando o vi, eu estava acompanhada pelo meu outro filho Pedro. O Felipe só me disse em lágrimas: ‘Mãe, por favor, me tira daqui! Por favor!’ Só havia pavor e desespero. Não gosto nem de me lembrar dessa cena. Ainda entro em pânico quando lembro do que vi.
É a primeira vez que falo sobre isso. Nem com meu filho consigo narrar essa história direito. Eu me fiz de forte e finquei o pé lá até acabar a visita e o tirei de lá. Foi terrível nossa saída. E tem muitos detalhes nesse meio em que eu estava na clínica que ainda não consigo expor.
O que a senhora pensava e fazia enquanto seu filho passava por uma fase de extrema angústia buscando se defender da acusação?
Joelhos no chão e muita lágrima. Muita dor por ver um filho sofrer injustamente. Eu tinha que ser forte por mim, por ele, pelos meus outros filhos que ficaram em Minas, pela minha mãe, que tem 93 anos e o ajudou a criar. E isso tudo ainda aconteceu após eu enterrar meu marido há apenas 10 meses.
E isso tudo ainda aconteceu após eu enterrar meu marido há apenas 10 meses
A senhora tem alguma ponderação sobre a razão da Bianca ter feito o que fez?
Em 2014, postei um texto no meu Facebook, tirado do Google, e só uma amiga da época sabia a quem eu me referia. Era daquele jeito que eu via aquela mulher. Detalhe: eles ainda eram casados. Era um texto falando sobre pessoas com distúrbios de personalidade.
Como mãe, o que gostaria de falar para outras mães que veem seus filhos passarem por situações muito difíceis?
Como mãe, orar, orar muito, e não deixar que nosso sofrimento sobreponha ao de nossos filhos. Porque nosso sofrimento é vê-los sofrer. Nada é maior do que isso. E quando eles sofrem, nada mais importa,nem status, dinheiro, aparência. Só queremos protegê-los.
Como a senhora avalia tudo o que aconteceu?
Eu ainda não consegui assimilar tudo. Só choro. E somente quando meu filho estiver protegido acho que vou conseguir pensar nisso. Acho que isso faz parte de ser mãe.
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