Defesa de homem que matou petista nega motivação política
"Ele se sentiu ameaçado por ter sido jogado muita terra contra ele", alega advogada
Gabriel Mansur - 13/07/2022 15h40 | atualizado em 13/07/2022 16h00
A defesa do policial civil federal Jorge Garanho, suspeito de matar o tesoureiro do PT Marcelo Arruda no último sábado (9), em Foz do Iguaçu, no Paraná, concedeu uma entrevista à RPC, afiliada da Rede Globo, nesta quarta-feira (13), em primeiro pronunciamento após o crime. Para os advogados Cleverson Orteha e Poliana Lemes Cardoso, o assassinato não foi motivado por intolerância política. A afirmação contraria as investigações iniciais, haja vista que o atirador é apoiador do presidente Jair Bolsonaro e, segundo testemunhas presentes no local, teria gritado “aqui é Bolsonaro” antes de efetuar os disparos.
– Nós temos certeza, não existe uma intolerância política. Apesar do Guaranho ter um posicionamento de direita, ele não era uma pessoa extremamente voltada à política, então a motivação politica está totalmente descartada. (…) Ele fazia ronda e aconteceu essa fatalidade, que é uma tragédia. Mas a questão política pode ser completamente descartada – informou a advogada Poliana.
O que levou Jorge a atirar, nas palavras da advogada, foi o fato de ele ter se sentido ameaçado após o veículo em que estava com a esposa e filho ter sido atingido por um objeto, jogado pelo petista.
– Ele se sentiu ameaçado por ter sido jogado muita pedra, perdão, muita terra, contra ele, estando com a esposa e filhos dentro do carro – acrescentou.
Cleverson Ortega corrobora a versão da colega. O advogado afirma, no entanto, que ainda é “prematuro” formular uma linha de defesa visto que, segundo ele, “as imagens são bastante claras”. Ele afirmou ainda que Guaranho foi descrito por familiares como uma pessoa “tranquila”.
– Totalmente prematuro manter uma linha de defesa, as imagens são bastante claras, mas somente o Guaranho que poderá esclarecer o que ocorreu de fato. (…) A família está bastante abalada, a esposa, mas a princípio me informaram que seria uma pessoa tranquila, que não tem histórico de agressão, uma pessoa totalmente equilibrada – concluiu o advogado.
A nova defesa do atirador assumiu o caso na terça-feira (12). Anteriormente, a responsável era a advogada Andreza Dolatto Inaccio, que havia sido nomeada durante plantão do final de semana. Na segunda (11), ela deixou o processo e solicitou à 3ª Vara Criminal para que uma nova defesa fosse indicada.
O caso foi registrado por câmeras de segurança. Nas imagens, é possível ver Arruda sendo baleado durante o próprio aniversário de 50 anos, em festa temática ao PT e à campanha de Luiz Inácio Lula da Silva. O policial penal federal Jorge Guaranho está internado na UTI. A SESP-PR e a Polícia Civil informaram que ele está sedado, intubado e estável. Porém, não há previsão de alta.
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