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Defensoria alega racismo em “Black Friday” e notifica lojistas

Apesar de não existir comprovação de origem racista na palavra, uso foi questionado por defensores públicos

Pleno.News - 06/11/2020 07h59 | atualizado em 06/11/2020 08h28

Defensoria notificou lojas sobre uso do termo Black Friday Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil

A Defensoria Pública do Amazonas está recomendando aos comerciantes do Estado que substituam o termo ‘Black Friday’ por ‘Semana Promocional’ para se referir ao dia – ou semana – em que o varejo faz promoções no mês de novembro. O órgão informou que a orientação busca promover o ‘respeito às comunidades afrodescendentes’.

Um ofício assinado pelos defensores Christiano Pinheiro e Leonardo Aguiar foi encaminhado nesta quarta-feira (4) à Câmara dos Dirigentes Lojistas de Manaus (CDL) e à Associação Comercial do Amazonas (ACA). As entidades têm cinco dias para apresentar uma resposta.

No documento, os defensores argumentam que o termo ‘Black Friday’, que em português significa ‘sexta-feira preta’, carrega conotação racista implícita em razão de uma suposta correlação entre produtos com descontos e a cor da pele.

– Como se a cor significasse algo com valor diminuído. A palavra preto (black), independentemente da língua ou vernáculo na qual é articulada, é utilizada de forma pejorativa, empregada no menosprezo a uma raça inferiorizada pela intolerância e subjugo histórico”, diz um trecho da recomendação.

Os defensores também argumentam que grandes empresas brasileiras baniram o termo em respeito a organizações de direitos civis e entidades representativas do movimento negro. O movimento ganhou força após o Grupo Boticário anunciar que não usará a expressão em 2020 como iniciativa para combater o racismo e promover a igualdade racial.

A recomendação da Defensoria do Amazonas aponta ainda que, historicamente, a expressão ‘sexta-feira negra’ costumava ser usada para se referir a eventos ruins como calamidades e crises.

– Os termos negro, escuro, preto são utilizados de forma depreciativa, fazendo referência a situações negativas e indesejáveis, tais como: peste negra (black plague), a coisa está preta, o lado negro da força (the dark side of), coisa de preto (black thing), tinha que ser preto, serviço de preto (black service), mercado negro (black market), não sou tuas negas, denegrir (denigrate), magia negra (black magic), lista negra (the black list), ovelha negra (black sheep), Dark Web – afirma o documento.

Apesar das alegações da Defensoria do AM, não há evidências de que a expressão tenha cunho racista. Nos Estados Unidos, onde surgiu, a expressão batiza a sexta-feira após feriado de Ação de Graças, quando é feita uma queima de estoques para que se inicie a temporada de compras para o Natal.

A suposta relação entre Black Friday e escravidão tem se tornado uma lenda urbana e já foi desmentida diversas vezes até mesmo por veículos como BBC (2014), Washington Examiner (2018), History Channel (2018), AFP (2019) e The Telegraph (2019).

*Estadão

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