Pleno.News - 18/09/2020 21h01 | atualizado em 20/09/2020 12h56

Moradores da Região Sul relataram o recebimento de pacotes de sementes clandestinas. Por conta disso, a Companhia de Desenvolvimento Agrícola de Santa Catarina (Cidasc) divulgou um alerta.

As sementes chegaram junto com produtos comprados pela internet. Uma primeira denúncia foi feita há uma semana por um casal de Jaraguá do Sul. Já na última terça-feira (15), outras pessoas de cidades como Timbó e Florianópolis, além de moradores de municípios gaúchos e paranaenses, afirmaram ter recebido sementes parecidas. As informações são do portal G1.

– Vieram quatro pacotes: três com produtos e um com sementes. Quando recebi já tinha lido sobre essas sementes que estavam vindo da China para os Estados Unidos, então postei nas redes sociais e marquei a Secretaria de Agricultura. No outro dia cedo, a Secretaria me ligou e combinamos de uma pessoa da Cidasc passar aqui e recolher. Veio em dois pacotinhos de plástico daqueles seláveis, um parecia sementes de café um pouco mais cinza, e o outro pacote com várias sementes bem miudinhas – disse o morador de Jaraguá do Sul, Gabriel Zapella.

O Ministério da Agricultura Agropecuária e Abastecimento (Mapa) está analisando as sementes. A orientação é que as pessoas acionem a Cidasc, caso recebam esse tipo de material. Também é recomendado que os pacotes não sejam abertos, visto que as sementes não devem ser plantadas. Além disso, o conteúdo não deve ser jogado no lixo.

Ao G1, o Mapa disse que moradores dos três estados do Sul do Brasil receberam sementes que seriam da China.

– Ainda não temos como precisar a quantidade. O fato foi inédito, pois foi enviado para a residência das pessoas, sem que houvesse sido encomendado o produto – informou o órgão.

A engenheira agrônoma Fabiane dos Santos, gestora da Divisão de Defesa Sanitária Vegetal da Cidasc, alertou que plantas ou sementes contaminadas podem propagar doenças para outras.

– Como essas sementes não passaram por nenhum processo de inspeção, não tem como garantir que elas não estejam veiculando pragas e doenças de importância agrícola ainda não presentes no Brasil e que se entrarem no país, podem causar grande impacto e prejuízos econômicos, perdas de produção, e consequentemente, mais uso de insumos, de agrotóxicos – explicou a engenheira.

Embora a suspeita seja de que as sementes sejam de espécies ornamentais e de origem chinesa, ainda é preciso apurar o caso, visto que as identificações nas embalagens podem ser falsas.

– Esses materiais estão vindo como brindes de mercadorias que as pessoas adquirem por e-commerce, geralmente de países asiáticos – disse Fabiane.

Casos semelhantes tinham sido reportados no final de julho, nos EUA. Por conta disso, em agosto, o Mapa emitiu um alerta no Brasil para que a população acionasse o órgão em caso de recebimento das sementes.

Em Santa Catarina, o recebimento desse tipo de material pode ser informado por meio dos telefones 0800-644-6510 ou (48) 3665 7300 (WhatsApp).

CHINA NEGA ORIGEM
Diante das suspeitas em relação a procedência dos pacotes, a Embaixada da China no Brasil apontou inconsistências no pacote, indicando falsificação.

Segundo o Canal Rural, uma nota indica que checagem das informações dos pacotes das sementes teria sido feita pela China Post, empresa de serviço postal no país asiático. Porém, uma análise mostrou que informações de endereço estavam inseridas de forma errada.

A embaixada chinesa disse que o China Post obedece todas as normas da União Postal Universal, que proíbe o envio de sementes via correios.

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