Caso Bruno Krupp: Mãe de jovem morto passa mal em depoimento
"Quando eu vejo o que está acontecendo, entro numa crise de tremor muito forte", disse Mariana Cardim
Gabriel Mansur - 08/08/2022 19h52 | atualizado em 08/08/2022 20h03
A mãe do adolescente João Gabriel, morto atropelado pelo modelo Bruno Krupp, depôs em audiência, nesta segunda-feira (8), à 16ª DP, na Barra da Tijuca. O depoimento, que durou cerca de quatro horas, precisou ser interrompido em algumas oportunidades visto que, muito abalada, Mariana Cardim de Lima passou mal ao falar sobre o acidente, que aconteceu no dia 30.
– Quando eu vejo o que está acontecendo eu entro numa crise de tremor muito forte (…) Tenho tentado evitar muito assistir às reportagens – disse, ao sair da delegacia.
Antes de depor, Mariana chorou em entrevista aos jornalistas. A genitora, em meio às lágrimas, afirmou que tem “conseguido lidar com isso como muita fé e remédios”. Ela foi amparada pelas irmãs Débora e Maura Cardim.
– Estou conseguindo lidar com isso com muita fé e remédios. Tentava dar responsabilidade ao meu filho, que estudava no Sesi em tempo integral. Ele era um menino de 16 anos, mas tinha muita responsabilidade. Eu o ensinava a ser um homem de bem, a respeitar o próximo. Ele era o protagonista da minha vida. Está muito difícil, para mim, viver agora – disse.
Recebida pelo delegado Antenor Lopes, diretor do Departamento-Geral de Polícia da Capital da Polícia Civil do Rio de Janeiro, ela agradeceu o apoio da polícia e dos médicos que atenderam o filho João Gabriel. Segundo Antenor, o depoimento da mãe de João Gabriel é muito importante para todo o processo.
– Ela estava no local, presenciou tudo. Pode ajudar a corroborar importantes informações – disse Lopes.
Mariana estava atravessando a Avenida Lúcio Costa com o filho quando Krupp o atropelou com sua moto sem placa e sem habilitação. Segundo testemunhas, ele pilotava em velocidade bastante superior ao limite da via.
– Foi inevitável para mim ver o quanto as pessoas têm ódio e rancor e raiva desse rapaz [Krupp]. E eu, por incrível que pareça, não estou com ódio desse rapaz, eu não tenho rancor desse rapaz. Talvez ele tenha, sim, que pagar a lei dos homens, mas eu, Mariana, não quero julgá-lo. A gente vive numa sociedade que tem justiça. E essa justiça precisa ser feita, até para que outra mãe não esteja aqui, daqui a um tempo, sentindo a minha dor – disse durante entrevista ao Fantástico, neste domingo.
Bruno Krupp foi levado no sábado (6) para a unidade de pronto-atendimento (UPA) do Complexo de Gericinó, em Bangu. Ele estava em um hospital desde o dia do atropelamento, já com prisão preventiva decretada.
A ida do modelo para o presídio aconteceu depois de a polícia encontrar contradições entre o laudo do hospital, que o liberava para receber alta – o que permitiria que ele fosse levado para unidade prisional -, e o laudo de um médico contratado pela própria família do modelo, que solicitava que ele fosse transferido para uma UTI. Para a polícia, foi uma tentativa de obstrução das investigações.
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