Cabral: “Não soube me conter diante de tanto poder”
Ex-governador do Rio prestou depoimento ao juiz Marcelo Bretas e disse que usou dinheiro de campanha para fins pessoais
Henrique Gimenes - 08/06/2018 17h29 | atualizado em 08/06/2018 21h51

Nesta sexta-feira (8), o ex-governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral (MDB), prestou depoimento ao juiz federal Marcelo Bretas. Em sua fala, ele disse que se “perdeu” na promiscuidade das doações e confirmou o uso do dinheiro de campanha para fins pessoais.
O pedido pelo depoimento foi feito pelo próprio ex-governador no processo referente à Operação Eficiência, um desdobramento da Lava-Jato. Cabral é acusado de desviar mais de R$ 420 milhões junto com os doleiros Renato e Marcelo Chebar, seu ex-secretário Wilson Carlos e seus assessores Carlos Miranda e Sérgio de Castro Oliveira.
Do montante, R$ 40 milhões ficaram no Brasil, R$ 10 milhões em joias e o restante foi depositado no exterior. Durante a audiência, Sérgio Cabral admitiu que realizou a movimentação de R$ 500 milhões em doações eleitorais, e utilizou R$ 20 milhões para uso pessoal.
– A promiscuidade foi muito grande e foi nessa promiscuidade que me perdi. Usei dinheiro de campanha para fins pessoais. Eu nunca pedi a um empresário que incluísse um percentual qualquer em nenhuma obra ou serviço do meu governo. Garanto isso ao senhor, falo em nome dos meus filhos e do neto que conheci essa semana – contou.
O ex-governador também negou que tenha pedido percentual nos contratos fechados com o poder público, além de dizer que não conseguiu se conter diante de tanto poder.
– Eu nunca pedi sobrepreço, mas houve dinheiro sim, e os empresários ofereceram dinheiro. Era muito dinheiro sim. Não era dinheiro só para minha campanha. O poder era algo tão perigoso, eu não soube me conter diante de tanto poder e de tanta força política – ressaltou.
O depoimento de Sérgio Cabral estava marcado para ocorrer em fevereiro, mas o ele se negou a falar até que voltasse a um presídio do Rio de Janeiro. Em abril, Cabral conseguiu um habeas corpus assinado pelo ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal (STF), para sua transferência.
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