Associação critica aumento de 46% no salário de Bruno Covas
Para a Afpesp, reajuste é 'abusivo' e 'inoportuno'
Pleno.News - 28/12/2020 21h35 | atualizado em 29/12/2020 11h56
A Associação dos Funcionários Públicos do Estado de São Paulo (Afpesp) reagiu ao reajuste salarial sancionado pelo prefeito da capital paulista, Bruno Covas (PSDB), para elevar seus rendimentos em 46% a partir de 2022. A lei foi assinada na véspera de Natal e aumenta o salário dele de R$ 24 mil para R$ 35 mil.
Para o presidente da AFPESP, Álvaro Gradim, o reajuste é “abusivo” e “inoportuno” no contexto da pandemia de Covid-19 e da demanda de recursos para a Saúde.
– Além disso, é profundamente injusto com a grande massa dos servidores da prefeitura, inclusive [com] os que estão na linha de frente no combate à Covid-19 – afirmou.
A lei que autoriza o aumento salarial do executivo municipal foi aprovada pela Câmara, com placar de 34 votos a favor, 17 contrários e uma abstenção. O último reajuste ocorreu em 2012, e o congelamento era entrave para a elite do funcionalismo público receber aumento, uma vez que o salário do prefeito é o teto dos servidores municipais.
– A grande massa dos servidores municipais paulistanos vem tendo, desde 2013, reajustes de apenas 0,01% por ano, por força de lei […] A medida é, no mínimo, antiética e desrespeitosa com os funcionários do município – apontou Gradim.
Os salários do vice-prefeito eleito, Ricardo Nunes (MDB), e dos secretários municipais também tiveram aumentos de 47% e 53%, respectivamente, passando dos atuais R$ 21,7 mil para R$ 31,9 mil, no primeiro caso, e R$ 19,3 mil para R$ 30,1 mil, no segundo.
Aos vereadores, Covas apresentou um estudo afirmando que o dispositivo trará, em 2022, um impacto de R$ 78 milhões ao orçamento da cidade. Um estudo paralelo, elaborado pelo gabinete do vereador José Police Neto (PSD), estimou que o valor seria de quase R$ 500 milhões.
– Haverá efeito em cascata danoso aos cofres públicos a partir de 2022, quando a medida entrar em vigor – criticou Gradim.
Na mesma linha, a vice-presidente do Sindicato dos Professores e Funcionários Municipais de São Paulo (Aprofem), Margarida Prado Genofre, divulgou uma nota na qual classifica o reajuste como “um grande descaso” com a população desempregada de São Paulo e “um duro golpe” contra os servidores municipais.
O aumento salarial do prefeito virou alvo de duas ofensivas judiciais: uma organizada por vereadores do PSOL em mandato e eleitos para a legislatura que começa ano que vem e outra subsidiada pelo advogado Carlos Alexandre Klomfahs, em ação popular contra o reajuste.
*Estadão
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