China compra empresa que atua perto de reserva de urânio no AM
Mineração Taboca opera em reserva de estanho na cidade de Presidente Figueiredo
Paulo Moura - 28/11/2024 11h34 | atualizado em 29/11/2024 12h42
Uma companhia que pertence ao governo da China adquiriu a Mineração Taboca, empresa que opera em uma área com resíduo de urânio e que produz estanho na Mina de Pitinga, em Presidente Figueiredo, no Amazonas. O custo da negociação, que foi anunciada na última terça-feira (26), foi de 340 milhões de dólares (R$ 2 bilhões, na cotação atual).
A transação foi intermediada pelo grupo minerador peruano Minsur, que detinha o controle acionário da Taboca. A nova controladora da empresa passa a ser a estatal China Nonferrous Trade, que adquiriu 100% das ações da mineradora que opera no Amazonas.
Na região de Pitinga, há registro de resíduo de urânio, associado a outros minerais. Entretanto, segundo a empresa pública Indústrias Nucleares do Brasil (INB) – que é vinculada ao Ministério de Minas e Energia e que é responsável pela exploração de minas de urânio no Brasil – o minério que existe nessa jazida vai para o rejeito e é um subproduto sem tecnologia viável para separação.
O urânio, como determina a Constituição, é de monopólio da União, e não pode ser explorado por qualquer empresa privada, seja nacional ou estrangeira. Por esse motivo, qualquer urânio a ser explorado em território nacional é de monopólio da INB.
De acordo com o assessor da Diretoria de Radioproteção e Segurança Nuclear da Comissão Nacional de Energia Nuclear (CNEN), Ricardo Gutterres, a mina explorada pela Taboca é exclusivamente de estanho, mas minerais nucleares como o urânio podem ser detectados, porém em quantidades baixas e sem relevância de comercialização.
– Esse material fica no próprio rejeito da mina. A negociação não é em torno da venda de uma reserva de urânio, que é monopólio federal – ressaltou.
De acordo com uma reportagem do jornal O Globo, a única mina de urânio atualmente em operação no país fica em Caetité, na Bahia, mas há várias outras regiões com potenciais reservas, já mapeadas e medidas ou com um prognóstico, como é o caso da própria Mina de Pitinga.
– Pitinga tem uma grande reserva geológica de urânio. Um prognóstico estimou em 150 mil toneladas de concentrado de urânio, que é o dobro do que existe em Caetité. Mas tudo isso é acompanhado pelos órgãos reguladores – disse o professor Aquilino Senra, do Programa de Energia Nuclear da Coppe/UFRJ.
*Correção: Inicialmente, noticiamos que a China havia comprado a maior reserva de urânio do Brasil. No entanto, a compra foi de uma empresa que explora estanho – e que opera em uma área no Amazonas que fica próxima a uma promissora reserva de urânio. A exploração de urânio no país, porém, é de monopólio da União.
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