Bolsonaro exonera diretor do INPE após dados polêmicos
Presidente questionou levantamento sobre desmatamento na Amazônia
Gabriela Doria - 02/08/2019 14h54 | atualizado em 03/08/2019 08h51
O ministro da Ciência e Tecnologia, Marcos Pontes, decidiu exonerar nesta sexta-feira (2) o diretor do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), Ricardo Galvão, após críticas do governo a dados “sensacionalistas” do desmatamento na Amazônia.
Pontes e Galvão se reuniram por cerca de duas horas na manhã desta sexta. A exoneração ocorre depois de ameaças do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de demitir quem quebrasse sua confiança.
– Se quebrar a confiança, vai ser demitido sumariamente. Perdeu a confiança, no meu entender, isso é uma pena capital. Eu lamento que alguns tenham mandato, não sei se no caso dele tem mandato ou não. A gente não pode tomar uma decisão mais drástica no tocante a isso, porque o estrago é muito grande – afirmou na quinta (1º).
No dia 21 de julho, Galvão afirmou que poderia até ser demitido, mas que o Inpe não poderia ser atacado.
– A única coisa que o Inpe faz é colher dados, nada mais, mas havia insatisfação sobre isso. Isso estava concentrado no MMA [Ministério do Meio Ambiente] e eu não esperava que subisse à presidência da república, mas aparentemente subiu, não sei exatamente pelo esforço de quem – disse ao jornal Folha de S.Paulo.
A polêmica surgiu depois que o Inpe divulgou um levantamento do projeto Desmatamento em Tempo Real (Deter), que mostrou um aumento de 88% no desmatamento na Amazônia no mês de junho, se comparado ao mesmo período no ano passado.
O ministro Marcos Pontes, nos bastidores, demonstrava apoio ao Inpe e aos dados do desmatamento. A situação começou a se alterar após a publicação, em rede social de Pontes, de um comunicado no qual o ministro afirmava compartilhar a “estranheza” de Bolsonaro em relação aos dados de desmate.
O engenheiro Ricardo Galvão foi nomeado diretor do Inpe em 2016 pelo então ministro Gilberto Kassab, do Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações (MCTIC). Na época, Galvão era professor titular da USP e presidente da Sociedade Brasileira de Física. Também é membro do conselho da Sociedade Europeia de Física e ex-diretor do Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas.
*Folhapress
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