Atriz diz à polícia que filha já foi acusada de furto na escola
Samara Felippo afirma que houve outros episódios de racismo contra a adolescente
Pleno.News - 30/04/2024 18h07 | atualizado em 30/04/2024 20h26

A filha da atriz Samara Felippo, menina negra de 14 anos que teve o caderno rasgado e rasurado com uma frase de cunho racista na Escola Vera Cruz, na semana passada, já teria sofrido outros episódios de discriminação racial no colégio, segundo a mãe. De acordo com ela, um dos episódios foi a acusação de furto de um carregador de aparelho celular.
– É reincidente, recorrente. Desde o ano passado, de um episódio que um carregador some e a acusada é minha filha. Isso tudo são pequenas camadas do racismo que crianças pretas passam todos os dias veladamente – afirmou a atriz nesta terça-feira (30).
A escola particular da Zona Oeste de São Paulo afirma que as alunas responsáveis pela agressão do caderno foram suspensas e houve acolhimento da vítima. Diz ainda avaliar se aplicará outras sanções.
Samara foi chamada para prestar depoimento na Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância (Decradi), na Região Central, para complementar o Boletim de Ocorrência na Delegacia Eletrônica que ela havia registrado.
De acordo com a atriz, sua filha mais velha teve o caderno furtado, folhas foram arrancadas e, em seguida, ele foi devolvido ao setor de “achados e perdidos” da escola com uma ofensa de cunho racial. Fotos do caderno foram entregues à polícia como prova. O caso ocorreu no dia 22 de abril.
A escola afirma que “reconheceu a gravidade deste ato violento de racismo, nomeando-o como tal, e imediatamente foram realizadas ações de acolhimento ao aluno agredido e sua família”. De acordo com a direção, as alunas foram suspensas por tempo indeterminado e tiveram a participação em uma viagem da escola vetada. As duas alunas ainda estão matriculadas, de acordo com o colégio.
– Novas sanções poderão ser adotadas, conforme apuração e reflexão sobre os fatos – diz nota do colégio.
O Vera Cruz afirma que ações de reparação serão definidas.
– As ações punitivas foram determinadas conforme regras e procedimentos institucionais, que levam em consideração os sentidos das punições no ambiente escolar. As sanções foram definidas pelas equipes da escola, considerando a gravidade das ofensas. Ações de reparação ainda serão definidas – diz outro trecho da nota.
ESTUDANTE QUER CONTINUAR NA ESCOLA, DIZ A MÃE
De acordo com a advogada de Samara, Thaís Cremasco, o colégio tem três dias para apresentar à polícia as providências tomadas sobre o caso.
– A atitude que esperamos da escola é impedir a presença de alunos racistas no colégio – disse.
A estudante quer continuar estudando no colégio, de acordo com a mãe. Um dos motivos é o acolhimento dos colegas.
– Ela está bem, quer ficar na escola e está se sentindo acolhida pelos amigos. Eles estão do lado dela – declarou.
A família de Samara ainda não decidiu se vai processar a escola e as famílias na esfera cível, diz a advogada.
– Existe a possibilidade de uma ação indenizatória, caso a família entenda que isso seja necessário. A Samara está bastante consternada e sofrendo muito com a situação. Ela ainda não tem condições de decidir – afirma.
*AE
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