Arquidiocese de São Paulo vai apurar abuso sexual na Igreja
Comissão investigará denúncias
Pleno.News - 05/03/2020 18h25 | atualizado em 05/03/2020 18h30

A Arquidiocese de São Paulo anunciou, nesta quinta-feira (5), a criação de uma comissão que vai investigar denúncias de abuso sexual contra clérigos e religiosos ligados à Igreja Católica. A medida obedece a determinação de maio de 2019 do papa Francisco.
Segundo o decreto que criou a comissão, caberá ao arcebispo metropolitano, que hoje é o cardeal Odilo Pedro Scherer, nomear os membros que vão receber e investigar as denúncias de abusos de menores e pessoas vulneráveis. O órgão terá padres, psicólogos, advogados e profissionais de outras áreas.
Além de dar auxílio psicológico, a comissão deverá informar as vítimas ou seus responsáveis sobre os caminhos para denunciar os supostos crimes às autoridades civis.
O decreto que criou a comissão foi assinado no dia 26 de fevereiro, mas entrará em vigor apenas em 8 de março.
Em carta apostólica de maio de 2019, o papa Francisco havia determinado que, até junho de 2020, instituições como as dioceses adotassem “procedimentos para prevenir e evitar esses crimes que atraiçoam a confiança dos fieis”. A carta foi escrita em formato de “motu proprio”, que modifica a legislação interna da igreja, o direito canônico.
Clérigos deverão encaminhar à comissão as denúncias de que tenham tomado conhecimento, sob pena de sanções não especificadas. A exceção dessa norma fica por conta de confissões eclesiásticas. A medida também consta na carta do papa.
Em entrevista divulgada nesta quinta-feira, ao jornal O São Paulo, ligado à Arquidiocese, o cardeal Scherer afirmou que entre as várias motivações está “o desejo de ampliar e fortalecer a vigilância para que os casos de abusos sexuais de menores e pessoas vulneráveis, cometidos por clérigos e religiosos, sejam eficazmente esclarecidos e superados”.
Ele afirmou ainda que o órgão atuará como uma ouvidoria.
– [A comissão vai] acolher as pessoas, ouvir, tentar caracterizar a denúncia e fazer um primeiro discernimento sobre os fatos e situações relatadas. Ela não será um tribunal nem emitirá sentenças. Esse trabalho, se for o caso, será feito pelo Tribunal Eclesiástico, nas suas diversas instâncias – explicou.
Em fevereiro de 2019, o papa já havia pedido uma “batalha total” contra os crimes de pedofilia e abuso sexual nas igrejas. Em dezembro, eliminou a regra de “sigilo pontifício”, o que permite que a igreja envie às autoridades documentos e materiais relacionados a suspeitas de crimes sexuais.
A comissão terá reuniões a cada duas semanas para avaliar as denúncias, que não poderão ser anônimas. O email tutela.arquisp@gmail.com foi divulgado para coletar as acusações e agendar encontros presenciais com o órgão.
*Folhapress
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