Araújo admite ser difícil Brasil obter ‘sobra’ de vacinas dos EUA
Ministro foi convocado pela Câmara dos Deputados nesta quarta-feira
Pleno.News - 24/03/2021 15h52 | atualizado em 24/03/2021 16h37
O ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, afirmou nesta quarta-feira (24) que considera “difícil” o Brasil obter dos Estados Unidos a liberação para compra de milhares de vacinas da AstraZeneca/Oxford estocadas e ainda não aplicadas contra a Covid-19 no país.
Ao falar em audiência na Câmara dos Deputados, o ministro também indicou que o Ministério da Saúde pode sofrer novos atrasos no fornecimento de doses do imunizante que são fabricadas na Índia. Ele não citou a quantidade exata. Mas disse que dificuldades na produção podem impactar o fornecimento de milhares de unidades já contratadas pelo governo federal.
O chanceler disse que não poderia dar prazos para que o Brasil efetivamente receba uma parte das vacinas solicitadas ao governo norte-americano. Segundo Ernesto, apesar de apelos do Itamaraty e do Congresso ao governo Joe Biden, o excedente de vacinas “está se materializando devagar” nos EUA.
– O Brasil está negociando para procurar receber uma parte desse excedente, mas por enquanto esse excedente é algo extremamente limitado, porque está sujeito à regulação dos Estados Unidos – disse o chanceler aos deputados.
Pressionada pela comunidade internacional, a Casa Branca anunciou ter 7 milhões de doses em estoque e já autorizou o envio de parte para o México (2,5 milhões) e o Canadá (1,5 milhões). Isso porque a vacina da AstraZeneca/Oxford ainda não obteve autorização de uso no país.
Em paralelo, ele indicou que o governo tem “boa perspectiva” de conseguir “kits de intubação” e máquinas de produção de oxigênio nos EUA.
ÍNDIA
Em relação às doses da AstraZeneca que seriam enviadas de fábricas na Índia, de onde veio o primeiro lote comprado pelo governo federal, há dúvidas se o Brasil continuará a ser abastecido.
Segundo Ernesto Araújo, há um problema generalizado na cadeia de insumos para fabricação, e os países enfrentam um “mar revolto”. O ministro diz que tenta conseguir as doses pendentes, apesar da barreira dos insumos.
– Existe na Índia um problema interno para a continuação do fornecimento de mais alguns milhões de vacinas que já estão contratadas por escassez de insumos que são importados de outros países – explicou o ministro.
Segundo ele, o Brasil já recebeu 4 milhões de doses, mas a Índia enfrenta desafios grandes para suprir vacinas internamente, e o país proíbe a exportação do insumo farmacêutico ativo (IFA). O chanceler disse que a China enfrenta dificuldades e depende de outros componentes das vacinas fornecidos por fábricas dos EUA.
– Estamos num mundo em que existem essas limitações para todos os países – disse o ministro.
O chanceler afirmou que a China não proíbe, mas aplica controles sobre exportação de imunizantes e do insumo farmacêutico ativo, usado na produção das vacinas. Segundo o ministro, a demora é burocrática.
– Nenhum problema com relação às exportações provenientes da China – garantiu o ministro.
*Estadão
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