Apoio de Israel à Parada LGBT levanta polêmica
PSOL e MBL se posicionaram de formas diferentes quanto à atitude
Jade Nunes - 04/06/2018 11h55
O Movimento Brasil Livre (MBL) criticou a postura do PSOL perante a presença do Consulado de Israel na Parada LGBT, que aconteceu neste domingo (3), em São Paulo.
Um dia antes do evento, o Setorial Estadual LGBT do PSOL emitiu um nota acusando o Estado judaico de praticar violência contra o povo palestino.
– É inadmissível um evento que diz celebrar o amor, a igualdade e a diversidade aceite o apoio e a presença de um estado racista que vem invadindo as terras e massacrando todo um povo há 70 anos, com um bloco próprio chamado “Tel Aviv Israel” – diz um dos trechos do comunicado.
Em resposta, o MBL divulgou uma foto no Instagram que mostra uma passeata gay pacífica em Israel e homossexuais sendo assassinados no Irã, com a frase:
– Aí o PSOL vai lá e repudia Israel na Parada Gay no Brasil, enquanto é conveniente com o Irã.
LEIA A NOTA DO PSOL NA ÍNTEGRA:
NOTA DE REPÚDIO À PRESENÇA DE ISRAEL NA PARADA DO ORGULHO LGBT DE SÃO PAULO
Nós, da Setorial LGBT estadual do PSOL/SP, repudiamos a presença Estado de Israel, através de seu consulado, na 22ª Parada do Orgulho LGBT de São Paulo pois o país pratica uma política notoriamente de Apartheid e genocida contra o povo palestino. É inadmissível um evento que diz celebrar o amor, a igualdade e a diversidade aceite o apoio e a presença de um estado racista que vem invadindo as terras e massacrando todo um povo há 70 anos, com um bloco próprio chamado “Tel Aviv Israel”.
Israel vem, sucessivamente, nas últimas décadas invadindo e anexando terras palestinas a seus próprios territórios, expulsando as pessoas que nelas vivem e as confinando em territórios cada vez menores que se tornaram verdadeiros bolsões de miséria e campos de concentração a céu aberto, com o Estado israelense controlando fortemente suas fronteiras e recursos. O exemplo mais notório disso é a Faixa de Gaza, onde há falta crônica de água, apagões constantes, desemprego crônico e um cerco permanente feito pelas Forças de Defesa de Israel, que detém total controle sobre seu espaço aéreo e suas águas. A pouca infraestrutura existente em Gaza (escolas, hospitais, indústrias, ferrovias, aeroportos, estradas, portos, etc.) é constante bombardeada pelas incursões militares promovidas por Israel, deixando a região totalmente dependente de ajuda internacional e sem nenhuma capacidade para se desenvolver.
Entendemos que a luta LGBT não se dá em uma única frente, mas em conjunto com várias outras e combatendo todo o tipo de exploração e opressão que exista no mundo, seja de classe, raça, etnia, gênero, identidade de gênero ou orientação sexual. Nós LGBTs só poderemos ser plenamente livres quando todas as outras pessoas do mundo também forem, e isso inclui o povo palestino e sua luta por sobrevivência e autodeterminação.
Vale ressaltar que essa setorial não se opõe a população israelense ou ao povo judeu de maneira geral, mas apenas a política colonialista praticada pelo Estado de Israel contra os palestinos desde sua criação há 70 anos.
POR UMA PALESTINA LIVRE E SOBERANA!
São Paulo, 2 de Junho de 2018.
Setorial Estadual LGBT do PSOL/SP
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