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Analista judiciária é acusada de fraudar cotas para ser aprovada

A defesa garante que a jovem passou pelo processo de verificação de cotas de forma legal

Priscilla Brito - 05/01/2023 11h54

Noemi da Silva Araújo e Adalberto Neto Foto: Reprodução/Twitter

O jornalista e dramaturgo, Adalberto Neto, viralizou nas redes sociais após publicar um vídeo de um minuto e 23 segundos realizando uma denúncia contra Noemi da Silva Araújo. Ele expõe o método de ingresso escolhido pela jovem para obter um cargo público.

Adalberto afirma que a jovem é branca e burlou o sistema de cotas para ser aprovada no concurso do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios (TJDFT). Noemi, que já era técnica judiciária no tribunal, foi aprovada em novembro de 2022 para o cargo de analista judiciária como uma candidata negra.

– Denúncia! Negra de pele branca é aprovada como analista judiciário do TJ do Distrito Federal e Territórios. A posse foi no mês passado e ela já começou o ano ganhando R$ 12.455,30. Parabéns, negona! – publicou Neto.

Após ter a sua declaração recusada no procedimento de autodeclaração de pertencimento étnico-racial, Noemi entrou com um recurso administrativo e foi aceita de forma definitiva. Os processos são realizados pela Fundação Getúlio Vargas (FGV).

Em tom de ironia, o jornalista parabenizou a jovem pela determinação e recomendou que ela aproveite a vida com o salário.

– E para você, pessoa preta, de verdade, que perdeu essa vaga pela fraude dela, pedras no caminho e brancos que não respeitam a nossa existência vão existir sempre. Mas cabe a nós, a resistência, a insistência, a luta. Uma hora a palhaçada vai acabar e seremos nós a rir por último – afirmou Adalberto.

O QUE DIZ NOEMI?
Noemi que está muito abalada, optou em não dar entrevistas. Ela informou por meio de nota oficial o seu posicionamento quanto às acusações recebidas na terça-feira (3). A jovem afirmou que é uma pessoa parda e passou por todos os processos de heteroidentificação para a aprovação no concurso.

– Em nenhum momento fui procurada pelo autor das postagens sobre o conteúdo que seria veiculado, sobre a utilização da minha imagem, a de meus familiares e a do meu namorado – pontuou a analista.

NOTA OFICIAL DE NOEMI
Foi com grande consternação que recebi a notícia de que minha imagem estava sendo exposta de maneira vexatória e irresponsável pelo autor das publicações que viralizaram na internet na data de ontem (03.01.23)

Aparentemente, o autor da publicação desconhece a Lei de Cotas, e todo o procedimento adotado pelo TJDFT para garantir que a lei seja cumprida.

A referida Lei nº 12.990/2014 dispõe que cotas raciais em certames públicos serão concedidas a pessoas de classificação negra-pretas e negro-pardas, na última, me incluo, com base na classificação do IBGE.

Sou servidora pública federal de carreira do referido órgão público desde 2017, e fui aprovada no concurso para analista judiciário em 2022, e tomei posse em dezembro deste mesmo ano. Passei por todo o processo de verificação de enquadramento na política de cotas de forma legal e idônea, dentro dos processos previstos em Lei e na Constituição Federal.

Não fosse suficiente, o autor, que desconhece minha história e minha vivência, ainda me acusou de cometer o crime de fraude, questionando, inclusive, a idoneidade da banca avaliadora do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios.

Em nenhum momento fui procurada pelo autor das postagens sobre o conteúdo que seria veiculado, sobre a utilização da minha imagem, a de meus familiares e a do meu namorado.

Após a publicação eu fui xingada, atacada, tive minhas fotos e redes sociais expostas, sofri ameaças à minha integridade física e estou tendo que lidar com a exposição dos meus pais e do meu namorado. Tudo isso me abalou profundamente.

A política de cotas é fundamental no contexto socioeconômico atual, tanto para fins de reparação histórica, como também para garantir que pessoas pardas e negras assumam o seu lugar de direito na sociedade. Todos devemos lutar por um mundo onde não haja nenhum tipo de preconceito.

Desde sempre eu me vejo como mulher parda, e me declaro como tal muito antes do advento da Lei de Cotas.

A minha autodeclaracão, firmada nas minhas origens de ancestralidade e características físicas, pode ser confirmada pelos assentamentos do Instituto de Identificação da Policia Civil (II) do Distrito Federal (2007).

Não pode o “tribunal” da Internet invalidar a identificação de uma mulher como foi verificado no vídeo veiculado. Desde a publicação do vídeo, foi desencadeado um verdadeiro linchamento em praça pública contra mim. Importante ressaltar, inclusive, que já há decisão judicial em caráter liminar ordenando a retirada do conteúdo pelo autor e de suas respostagens (processo nº 0700133-66.2023.8.07.0020).

Por fim, comunico que todas as medidas legais cabíveis estão sendo tomadas contra o autor, e contra todos aqueles que divulgaram o referido vídeo. Todos aqueles que, de forma irresponsável, divulgaram tais informações, estarão sujeitas ao crivo da lei.

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