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Opinião Pr. Lucas: A tatuagem de Jesus

Jesus usaria uma tatuagem? E você, como seguidor dele, o que pensa?

Pr. Lucas - 02/04/2018 17h38

Olá, meu querido leitor do Pleno.News, muito obrigado por todo carinho. E me perdoe, eu sei que às vezes assusto você com os títulos de meus textos. Mas quem acompanha meus artigos sabe que não sou um extremista da fé e o meu objetivo é sempre informar de maneira equilibrada e dentro das minhas convicções que estão todas embasadas no Evangelho.

Hoje quero abordar esse assunto tão polêmico, tatuagem, pelo menos por três perspectivas diferentes:

  • A perspectiva social;
  • A perspectiva bíblica e
  • A perspectiva pessoal.

A tatuagem tem uma história. Os registros mais antigos, sobre o seu uso, são dos egípcios. Esse povo surge no topo, no começo, dessa história. A princípio, a tatuagem era usada de forma religiosa, ela está ligada a formas de cultos diversos.

Já na Grécia e em Roma a tatuagem tomou outro rumo, pois passou a ser usada para marcar escravos, prisioneiros de guerra e criminosos. É daí que vem a marginalização da tatuagem. Posteriormente, no ano 787 d.C, a tatuagem foi proibida pelo papa e foi tratada como um pecado pagão.

No Judaísmo, a tatuagem sempre foi proibida. A base dessa proibição está na Torah e registrada em Levíticos 19:28. Mais tarde, no período antes e durante a Segunda Guerra, que conhecemos também como holocausto do judeus, o uso da tatuagem se tornou ainda mais restrito para esse povo, já que Hitler os marcava com números condenando-os à morte.

Creio que de forma básica, simples, abrangemos aqui a história da tatuagem. Mas, agora vai aqui minha OPINIÃO!

Já de forma direta, quero responder à pergunta fatalmente fatídica entre evangélicos, mas quero que você se comprometa de que vai ler toda a minha linha de raciocínio pra chegarmos a uma conclusão juntos, ok?

Pastor Lucas, tatuagem é pecado?
NÃO NECESSARIAMENTE.

Pastor Lucas, você gostaria de fazer uma tatuagem?
SIM.

Pastor Lucas, você faria uma tatuagem?
NÃO.

E, por quê?

Então, vamos lá:

O primeiro ponto que quero esclarecer é o seguinte: Levítico 19:28 trata de marcar o corpo com mutilação. Isso era um ritual de culto aos mortos dos povos pagãos que viviam ao redor dos israelitas. Se você ler esta passagem nas mais diversas versões, verá que somente nas versões modernas é usado o termo tatuagem!

Versão Almeida Corrigida: “Pelos mortos não dareis golpes na vossa carne; nem fareis marca alguma sobre vós. Eu sou o Senhor”.

Sociedade Bíblica Britânica: “Pelos mortos não fareis incisões em vossa carne, nem no vosso corpo imprimireis marca alguma: eu sou Jeová”.

Nova Versão Internacional: “Não façam cortes em seus corpos por causa dos mortos, nem tatuagem em si mesmos. Eu sou o Senhor”.

A Mensagem: “Não façam cortes no corpo por causa dos mortos. Não façam tatuagens no corpo”.

Agora, se Levítico 19:28 for usado como uma regra que uma vez violada torna você um pecador, então vamos aplicar da mesma maneira também Levítico 19:27 que diz: “Não cortareis o cabelo, arredondando os cantos da vossa cabeça, nem danificarás a ponta da tua barba”.

Então seria pecado não ter barba, e tendo a barba, seria pecado desenha-lá no rosto, como também seria pecado usar máquina na lateral.

O que quero dizer é que se você quer pregar que Levítico 19:28 condena a tatuagem, então também precisa pregar o versículo 29. Oi? É… e precisa pregar ainda o versículo 19, que diz não se pode plantar dois tipos de árvores na mesma lavoura, nem se pode usar roupa feita com dois tipos de tecido…

Meu Deus, acabei de descobrir que sou um pecador! 🙂

Bom, assim como não posso aplicar Levítico 19:28 para condenar a tatuagem, também não posso usar Apocalipse 19:16 para dizer que Jesus era tatuado.

Veja o texto:
“E no vestido e na sua coxa tem escrito este nome: Rei dos reis, e Senhor dos senhores”.

Dizer que Jesus era tatuado seria errado. Seria manipulação minha se eu usasse um desses textos para aplicar a proibição ou a liberação da tatuagem.

O que quero dizer é que a Bíblia não apresenta nenhum contexto que diz claramente que não devemos fazer tatuagem. Assim como não temos nenhum texto objetivo dizendo: “Nadar de sunga é pecado”; “Jogar videogame é pecado”; “Assistir novela é pecado”. Então, não posso afirmar que um jovem que faz tatuagem vai para o inferno, mas posso pensar algo sobre isso!

Primeiro:
A tatuagem no ocidente é marginalizada, pois herdamos da Europa a ideia da tatuagem que era usada para criminosos e prisioneiros. Há multinacionais que podem privar alguém de cargos mais altos pelo fato dessa pessoa ser tatuada.

Agora, imagine comigo: você entra em uma sala de cirurgia, pois irá fazer um transplante de coração. Os riscos são eminentes, e aí quando você está deitado na maca, chega o cirurgião e ele é todo tatuado, tem alargadores na orelha e uma barba grande. Como você se sentiria? Concorda comigo que você sentiria uma certa insegurança, e faria um julgamento prévio baseado na aparência dele? Agora, se o cirurgião for um senhor de óculos, com cara de intelectual, você se sentiria mais seguro, certo?

Então, essas já seriam boas razões para se pensar antes de fazer uma tatuagem, porque socialmente existe um pouco de preconceito.

Segundo:
Uma tatuagem nos deveria levar a refletir bastante, pois ela é algo permanente.

Na nossa vida, passamos pelas fases que se dão devido à idade. Quando éramos crianças gostávamos de brincar, ficamos adolescentes, nossas perspectivas da vida mudaram, e consecutivamente nossa visão de mundo foi mudando à medida que a idade foi avançando. Então, antes de fazer uma tatuagem, é preciso levar em consideração que sua cabeça irá mudar, mas a tatuagem será irreversível!

Em outro ponto de vista, precisamos levar em consideração que pode até não ser pecado fazer uma tatuagem, mas pode se tornar pecado, a partir do momento em que eu precise violar outros princípios para fazê-la. Um exemplo bem prático seria a permissão dos pais. Uma vez que eu precise desobedecer meus pais para ter uma tatuagem, mesmo que a Bíblia me permita, eu quebrei outra regra. Assim, pelo fato de eu desrespeitar meu país, a tatuagem se tornou pecado.

Agora, eu, pastor Lucas: a razão pela qual eu não faço uma tatuagem é porque não quero subir em um púlpito e não ser ouvido, com respeito, em função de uma coisa que não é essencial. Ora, tatuagem é um capricho, não é uma questão de necessidade para a vida!

Eu também não quero que nenhum filho desonre seus pais e se justifique em mim, me tomando como um modelo de alguém que de é Deus e faz tatuagens.

Em um resumão bem básico: você precisa ponderar muita coisa antes de tomar a decisão de fazer uma tatuagem. Mas nunca se esqueça de que ela é apenas um capricho e não algo essencial para sua vida!

Pastor Lucas nasceu em Santa Vitória, em Minas Gerais. Sua carreira de compositor começou em 2011. Há quatro anos como cantor, lançou três CDs. Congrega na Comunidade Evangélica Vida no Altar, em São Paulo. É casado com Thaisa Rahmé e pai de Gabriel e Samuel.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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