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Opinião Sergio du Bocage: Os Estaduais

Com o esvaziamento dos estádios e o pouco interesse demonstrado pelas próprias torcidas, até que ponto é válido manter os campeonatos estaduais?

Sergio du Bocage - 21/03/2018 18h12

Jogo de Sport x Náutico Foto: Williams Aguiar/Sport Club do Recife

O fim de semana terá vários jogos decisivos pelos campeonatos estaduais, em todo o Brasil. No Rio Grande do Norte, o Campeonato Potiguar já tem um campeão, o ABC, primeiro campeão de 2018. Mas nos demais, ainda falta muito, e em cada estado há uma fórmula mais mirabolante.

Com o esvaziamento dos estádios e o pouco interesse demonstrado pelas próprias torcidas, até que ponto é válido manter essas competições? Para manter a rivalidade, criada ao longo dos anos? Para faturar, pois há quem diga que são os campeonatos mais rentáveis, proporcionalmente ao tempo da disputa?

O fato é que os 12 principais times do país cansaram de usar times mistos ou reservas nos primeiros meses do ano, na disputa dos Estaduais. O que para mim é uma grande falta de respeito com o torcedor, que paga o mesmo preço do ingresso e não vê seu time principal em campo. Sem contar com o resultado do jogo em si, e não faltaram exemplos de derrotas históricas dos chamados “grandes” neste primeiro trimestre do ano.

Não é de hoje que se discute o fim dos campeonatos estaduais. Não acho o melhor. Penso logo nos estados onde o futebol não tem a força dos grandes centros, nem outros torneios para se dedicarem. A Série A do Brasileirão, por exemplo, tem dois times baianos – Bahia e Vitória, um cearense – Ceará, e um pernambucano – Sport. Os outros 16 são das regiões Sul e Sudeste. Ninguém do Centro-Oeste, nem do Norte. Na Série B, são quatro nordestinos, três de Goiás, um do Pará e 12 do Sul/Sudeste.

É uma supremacia que não muda. E que tende a aumentar, com as diferenças de cotas de TV, patrocínios, investimentos etc. Como acabar com os estaduais, nesses centros de futebol de menor visibilidade nacional?

Creio que uma alternativa será as federações compreenderem que os principais clubes, envolvidos em competições nacionais ou continentais, deveriam disputar seus campeonatos locais com times de jovens ou mesmo de reservas. Que se reduzam as cotas de TV. A questão é: será que o torcedor, sempre apaixonado, vai aceitar derrotas, quando sua camisa de coração estiver em campo?

Sergio du Bocage é carioca e jornalista esportivo desde 1982. Trabalhou no Jornal dos Sports, na TV Manchete e na Rádio Globo. É gerente de programas esportivos da TV Brasil e apresenta o programa “No Mundo da Bola”.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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