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Opinião Yvelise de Oliveira: Buscadora de vida

“Buscadores” são pessoas difíceis. Estão sempre mentalmente ocupadas com pensamentos e ficam obstinadas em encontrar algo que as surpreenda

Yvelise de Oliveira - 20/03/2018 09h15

Já faz um tempo que eu não escrevo, não sei porque, mas escrever é algo que eu faço sem pensar muito. Vou só escrevendo, uma emoção, uma pessoa, um momento, um dia ou algo assim; muito encrustado dentro de mim que, de repente, se solta.

Hoje vou dividir com vocês um momento de tempestade.

Eu ando nessa tempestade, não consigo sair, mesmo com pensamento positivo, com fé e todos os bons conselhos que escuto, vivo com uma constante inquietude interior.

É como se eu procurasse algo e não encontrasse; é como se tudo que eu vejo não me interessasse, vou buscando em cada instante, todo
dia, algo que me faça sentir de novo que está valendo a pena continuar buscando.

“Buscadores” são pessoas difíceis. Estão sempre mentalmente ocupadas com pensamentos e ficam obstinadas em encontrar algo que as surpreenda. Por um certo tempo, se acham, ficam como que encantados e aí, sim, todo o mais toma a forma e o lugar certo no tempo e no espaço. Mas não se pode viver esperando momentos especiais, para viver o cotidiano sem entediar-se ou obrigar-se a fazer o que tem que ser feito.

Na verdade, os “buscadores” nem sempre dizem o que querem ou o que buscam, simplesmente sorriem e fazem o que tem que ser feito;
e bem-feito.

“Bem-feito é melhor do que bem explicado”. É fato e eu não discuto.

Agora, ando querendo escrever, ler, ouvir uma história complexa, complicada, cujo o final eu possa ajudar a concluir.

Quero algo diferente. Simples, mas nada simplório; comum, mas nada banal; surpreendente, sem ser extraordinário; algo da vida que levamos. Muitas vezes ela nos leva, somos apenas os que estão vivos, vivendo o seu dia a dia.

Preciso me surpreender positivamente, ouvir minha voz interior, a canção que meu coração canta, mas meus ouvidos não escutam.

Estou muito estranha, sei que Deus irá me surpreender, mas como, não sei.

Assim, travo dentro de mim uma guerra entre o sol e a tempestade. No final, fico sem saber quem venceu e continuo buscando. Sempre buscando um motivo, um lugar, um vestígio que faça de novo brilhar meu sol interior.

Nem grito. Nem choro. Só morro mais um pouco.

Um dia, de tanto aguardar, vou acabar indo para sempre.

Yvelise de Oliveira é Presidente do Grupo MK de Comunicação; ela costuma escrever crônicas sobre as suas experiências e percepções a cerca da vida. Há alguns anos lançou o livro Janelas da Memória, um compilado de seu material. Atualmente está em processo de finalização de uma nova obra, Suspiros da Alma.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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