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Conheça os 4 países da “Lista da Vergonha”: Coreia do Norte

Gostaria de destacar os países que votaram contra a resolução da ONU

Lawrence Maximus - 08/03/2022 19h21

O presidente russo Vladimir Putin e o líder norte-coreano Kim Jong-un, em 2019 Foto: EFE/SERGEI ILNITSKY

Na última semana, a Assembleia Geral das Nações Unidas (ONU) aprovou, por ampla maioria, uma resolução contra a invasão russa da Ucrânia. Isso, após três dias de discursos de mais de 100 países. O texto “deplora nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia”. Ela é não vinculante, o que significa que, a partir dela, os países não são obrigados a fazer nada. Sua importância, portanto, é política: mostra como a maioria dos países vê a invasão promovida por Moscou.

Boa parte da comunidade internacional acusa a Rússia, de Vladimir Putin, de violar o artigo 2, da Carta das Nações Unidas; que pede aos seus membros para não recorrer a ameaças ou à força para solucionar conflitos. A resolução deixou de “condenar”, como estava inicialmente previsto, para “deplorar nos mais fortes termos a agressão da Rússia contra a Ucrânia”.

Todavia, gostaria de destacar os países que votaram contra a resolução, para entendermos esses atores no cenário da comunidade internacional. Sobretudo, assim como é importante ressaltar as abstenções da China, Índia e África do Sul, aliados da Rússia.

Veja como ficou o resultado:
141 votos a favor (o Brasil votou aqui ao lado de EUA, União Europeia e outros).
5 votos contra (Rússia, Belarus, Coreia do Norte, Eritreia, Síria).
35 abstenções (China, Índia e África do Sul entre outros países).

Portanto, nesse especial, de terça a sexta-feira, desejo destacar alguns fatores da geopolítica e religião. Para conhecer melhor os países que votaram contra a resolução da ONU, a favor da invasão russa; são eles: Coreia do Norte, Síria, Eritreia e Belarus; denominados por esse artigo, a “Lista da Vergonha”, dividido em quatro partes, começando pela Coreia do Norte.

Kim Jong-un, líder supremo da Coreia do Norte Foto: EFE/EPA/KCNA

BREVE HISTÓRIA
A Coreia do Norte, oficialmente República Popular Democrática da Coreia (RPDC), é um país no leste da Ásia que constitui a parte norte da península coreana, com Pyongyang como capital e maior cidade do país. Ao norte e noroeste, o país é limitado pela China, Rússia e Coreia do Sul. As duas Coreias são separadas pela Zona Desmilitarizada Coreana (ZDC). E afirmam ser o governo legítimo de toda a península coreana e de suas ilhas adjacentes. A Coreia do Norte e a Coreia do Sul se tornaram membros das Nações Unidas em 1991.

Em 9 de setembro de 1948, Kim II-sung proclamou a República Popular Democrática da Coreia e tornou-se o primeiro líder da nação, que conquistou sua independência do Japão. O fundador do regime, Kim II-sung, foi criado por seus avós, que eram diáconos na igreja. Os pais dele também eram cristãos comprometidos. O pai, Kim Hyong-jik, não simpatizava com o comunismo, porque os comunistas não aceitavam o amor e os direitos iguais do cristianismo. Um dos fatores que talvez explique como Kim II-sung pôde cometer tantos atos contra os direitos humanos e até mesmo perseguir a Igreja de Cristo seja o fato de que um de seus primeiros e mais fortes oponentes tenham sido os cristãos.

CENÁRIO POLÍTICO
A Coreia do Norte oficialmente se descreve como um Estado socialista autossuficiente e formalmente realiza eleições. Vários analistas, no entanto, classificam o governo do país como uma ditadura stalinista totalitária. Particularmente, por causa do intenso culto de personalidade em torno de Kim II-sung e sua família. O Partido dos Trabalhadores da Coreia (PTC), liderado por um membro da família governante, detém o poder e lidera a Frente Democrática para a Reunificação da Pátria, da qual todos os oficiais políticos são obrigados a ser membros.

Atualmente, Kim Jong-un tem demonstrado um estilo diferente de liderança do pai, buscando assemelhar-se mais ao avô, parecendo mais comunicativo e benevolente em público. No entanto, isso não significa nenhuma mudança na ideologia ou na liderança. Ele foi proclamado o “Grande Sucessor” e recebeu os títulos de “Líder Supremo” e “Comandante Supremo das Forças Armadas”.

Mais importante ainda, ele ocupa posições centrais em todas os setores importantes: Partido, Estado e Exército, ao ocupar o cargo de primeiro-secretário do Partido dos Trabalhadores da Coreia. Depois de dominar com sucesso testes balísticos e nucleares, Kim Jong-un iniciou o que poderia ser chamado de “ofensiva diplomática”, começando com uma reunião com o presidente chinês e secretário-geral do Partido Comunista, Xi Jinping.

Em junho de 2019, no caminho de volta da cúpula do G20 em Osaca, houve uma reunião surpresa entre o presidente Donald Trump, Kim Jong-un e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, em Panmunjon. Nessa ocasião o presidente Trump se tornou primeiro líder americano a pisar em solo norte-coreano desde a Guerra da Coreia.

Depois dessa breve reunião, foi anunciado que as negociações em nível de trabalho seriam retomadas — um anúncio que não parece ter levado a nenhuma ação concreta.

Economicamente, o país precisa de ajuda internacional, mas o regime restringe o acesso aos cidadãos necessitados e está sob sanções internacionais; embora a ajuda humanitária esteja isenta. Kim não buscou reformas econômicas e continuou testes nucleares e de foguetes.

Kim Jong-un, Donald Trump e Moon Jae in Foto: EFE/EPA/YONHAP SOUTH KOREA OUT

CENÁRIO RELIGIOSO
Entender a religião da Coreia do Norte significa entender sua liderança e culto à personalidade. Nesse país, religião significa basicamente um culto aos líderes. Todos têm de participar de reuniões semanais e sessões de autocrítica. Além de memorizar mais de 100 páginas de material de aprendizagem ideológica que louvam os feitos e a majestade dos Kims. Até mesmo crianças na pré-escola são doutrinadas. Aproximadamente 100 mil “centros de pesquisa” juche — a maioria dos quais é formada por uma única sala — existem em todo o país.

Guia junto à torre de Juche Idea, em Pionyang Foto: EFE/How Hwee Young

Ainda há seguidores do budismo e do confucionismo no país; apesar de a adoração aos líderes não dividir espaço com qualquer outra religião, em teoria. No entanto, essas religiões pertencem à mentalidade cultural e podem ser vividas sem que qualquer um note. O cristianismo, ao contrário, é visto como uma religião perigosa que deve ser combatida ferozmente.

Por 20 anos, de 2002 a 2021, a Coreia do Norte foi o país mais perigoso para os cristãos na Lista Mundial da Perseguição da Open Doors (Portas Abertas). A situação não melhorou no país onde qualquer cristão corre o risco imediato de prisão, tortura e morte. Estima-se que 50 a 70 mil cristãos estão nas prisões e em campos de trabalhos forçados. Familiares dos seguidores de Jesus costumam ter o mesmo destino dos capturados, porque são considerados um perigo para o país governado pela família Kim. Todas as igrejas são pequenas e secretas.

Os tipos de perseguição aos cristãos na Coreia do Norte são: opressão comunista e pós-comunista, paranoia ditatorial. As fontes de perseguição aos cristãos na Coreia do Norte são: oficiais do governo, partidos políticos, cidadãos e quadrilhas, parentes. As igrejas mostradas aos visitantes em Pyongyang servem meramente a propósitos de propaganda. A vida dos cristãos na Coreia do Norte é uma pressão constante que pode resultar em violência e morte.

Finalmente, a Coreia do Norte acusou os Estados Unidos de serem a verdadeira causa da crise ucraniana e defendeu a Rússia, desde a primeira reação oficial de Pyongyang à invasão da Ucrânia.

Lawrence Maximus é cientista político, analista internacional de Israel e Oriente Médio, professor e escritor. Mestre em Ciência Política: Cooperação Internacional (ESP), Pós-Graduado em Ciência Política: Cidadania e Governação, Pós-Graduado em Antropologia da Religião e Teólogo. Formado no Programa de Complementação Acadêmica Mastership da StandWithUs Brasil: história, sociedade, cultura e geopolítica do Oriente Médio, com ênfase no conflito israelo-palestino e nas dinâmicas geopolíticas de Israel.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.

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