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Coluna Russell Shedd: Criação de filhos

"Instrui o menino no caminho em que deve andar, e até quando envelhecer não se desviará dele" (Provérbios 22:6).

Russell Shedd - 28/01/2018 08h00

Entre as mais pesadas responsabilidades que Deus passou para o homem está a criação de filhos “segundo a instrução e o conselho do Senhor” (Ef 6:4). Por que seria tão complicado criar filhos nos moldes bíblicos?

A televisão, os vídeos, as revistas, os livros (do tipo Harry Potter), junto com a forte influência de colegas e amigos, cooperam para frustrar os mais dedicados pai e mãe que sonham com filhos cristãos. Além da força nefasta do mundo, a “carne” herdada dos pais garante ao filho ter mais prazer em pecar do que orar, dar mais valor aos conselhos dos amigos do que aos dos pais e ficar mais interessado no filme do que na Bíblia.

A maioria dos cristãos não leva a sério a declaração bíblica que o mundo jaz no maligno. Não toma o cuidado necessário para proteger a futura geração da contaminação recebida do mundo.

Que fazer? O melhor conselho, creio, seria desenvolver imunidade contra a infecção generalizada do mal. Vacinar seu filho contra os males e epidemias, em muitos casos, se toma mais eficaz do que uma quarentena.

A vacina cristã deve ser aplicada em pequenas doses logo que a criança alcança discernimento entre a verdade e a mentira, entre os prazeres que não ferem a consciência cristã e os que produzem tristeza espiritual.

  1. Ajudar a criança a lutar contra o seu egocentrismo e gozar do prazer do amor que beneficia os seus próximos. Deve-se fortalecer a consciência social, ajudando o filho a sentir o que os marginalizados sentem, orando por eles e criando contato com eles.
  2. Ensinar cuidadosamente os princípios bíblicos que produzem paz em lugar de contendas, brigas e cobranças. Buscar vingança quando ofendido é natural. Perdoar e amar os inimigos é o caminho de Cristo.
  3. Buscar um relacionamento prazeroso com Deus em lugar de uma vida solitária de religião monótona, individualista. Um casal teve sucesso criando seu filho com intervalos em suas atividades mais gostosas para lembrar e agradecer a Deus que tinha providenciado tudo para que pudesse gozar desses passatempos tão agradáveis. Orações, tipo “flecha”, os ajudaram a conseguir seu objetivo.

O pastor Charlie Shedd escreveu um livro em que contou como tinha prometido ao seu filho, logo que nasceu, que não implicaria com ele sobre suas tarefas inacabadas quando alcançasse 15 anos. Não exigiria informação sobre aonde ia quando chegasse aos 16 anos, nem interferiria com suas amizades aos 17. Quando alcançasse os 18 anos, pagaria apenas metade do preço do carro que o filho quisesse. Também pagaria apenas metade de uma multa por causa de uma infração de trânsito. Desse modo, o pai se obrigava a ensinar responsabilidade ao filho antes de sair de casa.

Tenho pena de jovens que não alcançaram uma relativa independência porque os pais não lhes concederam a liberdade necessária para chegar à maturidade. Tenho mais pena ainda dos filhos que nunca receberam nenhuma vacina contra infecções pecaminosas.

As maiores tristezas nas famílias são consequências da criação defeituosa por parte dos pais. Entre estas, surgem as drogas, namoros com não cristãos, sexo antes do casamento, pornografia, aids, alcoolismo e acima de tudo, uma vida longe de Deus. Não é impossível garantir que a criação de um filho segundo os padrões bíblicos e na igreja o tomarão um cristão consagrado. Nenhum pai pode forçar o filho a amar a Deus de todo o seu coração, mas certamente nenhum cristão quer dar ao filho ocasião de acusá-lo de hipocrisia e inconsistência.

No período de transição entre criança e adulto aparece a adolescência, uma época repleta de conflitos e reivindicações entre pais e filhos. Os filhos querem a independência, e os pais querem manter o controle. Os filhos alcançam o tamanho físico de adultos e consideram suas opiniões tão válidas, ou até mais, do que as dos pais. Feliz a família cristã que demonstra respeito e amor, que abranda os conflitos e mantém a paz no meio do terremoto da adolescência.

Conclusão
Nenhum casal planeja declarar guerra contra os filhos. Ninguém sai ganhando numa guerra em família. Mas muitas famílias experimentam conflitos que não planejaram e nem esperaram. Se se tomar as devidas precauções nos primeiros anos, como oração, culto doméstico, amigos cristãos de verdade e muito amor, compreensão e humildade, há boa chance que os pais consigam atravessar os anos com satisfação e gratidão.

Russell Shedd Era conferencista internacional, bacharel em Teologia com especialização em Bíblia e Grego, Mestre em Novo Testamento e PhD em Filosofia. Nascido na Bolívia, filho de pais missionários, veio para o Brasil em 1962. Escreveu mais de 30 livros, publicados pela Shedd Publicações e pela Edições Vida Nova, fundadas por ele. Faleceu em 2016, aos 87 anos, vítima de câncer. Neste espaço, recebe homenagem do Pleno.News, que publica textos daquele que foi conhecido como o maior teólogo do Brasil.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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