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O amor se esfriou

Para muitos, ser cristão se tornou mais uma autoafirmação constante

Edvaldo Oliveira - 11/07/2021 07h00

“Devido ao aumento da maldade, o amor de muitos esfriará.” (Mateus 24:12 NVI)

Quando lemos ou ouvimos esse versículo, logo vêm à nossa mente notícias sobre pais que mataram seus filhos, guerras que são travadas pelo mundo afora e todo tipo de coisas ruins; pensamos que o amor dessas pessoas se esfriou.

Em geral, atribuímos passagens bíblicas que confrontam o nosso caráter a outras pessoas. Quantas vezes, no meio de uma pregação que estava falando diretamente ao nosso coração, nós já dissemos “tal pessoa tinha que estar aqui”, como se aquelas palavras não servissem para nós também?

Infelizmente, muitos cristãos agem de forma implacável, como se o fato de conhecerem Deus os tornasse superiores às demais pessoas; e, pior, eles agem como se estivessem acima de tudo, inclusive da dor alheia.

Muitas pessoas consideram o fato de não se sensibilizarem com tudo que está acontecendo no mundo como um gesto de força e de santidade. Algumas chegam até a afirmar que quem se desespera com o que está acontecendo no Brasil é porque não conhece o Senhor de verdade. Essas mesmas pessoas não acreditam nas coisas ruins que estão acontecendo em nossa nação e dizem que tudo não passa de sensacionalismo da mídia.

O país vem enfrentando a maior crise sanitária da sua história, milhares de pessoas estão morrendo, e os crentes continuam discutindo nas redes sociais se comer ovo de chocolate é pecado ou não, debatendo se uma determinada marca de chocolate é do diabo ou não.

Por que não fazemos uma grande mobilização pela vida ou para chorar com os que choram? É porque o nosso amor se esfriou. É porque, para muitos, ser cristão se tornou mais uma autoafirmação constante do que uma vida de sacrifícios e renúncias, como deve ser.

Muitos que estão apontando o esfriamento do amor não se deram conta de que o amor deles mesmos esfriou há muito tempo, a ponto de não conseguirem mais reconhecer os próprios erros, só apontar onde se encontra o erro de todas as outras pessoas.

Este é um momento de humildade, de pranto e de silêncio. Muitas pessoas estão gritando que têm as respostas, sendo que estas mesmas pessoas falaram muitas mentiras antes e não se retrataram pelas coisas que disseram e fizeram e que prejudicaram a vida de tantas outras pessoas. É tempo de reconhecermos nosso lugar, nossa pequenez, nossa natureza falha, nosso mau caráter e nosso egoísmo.

Pessoas conseguem enxergar o fim do mundo em letras de músicas seculares, mas não conseguem enxergar os sinais dos tempos quando o seu irmão ao lado está passando fome por causa de uma pandemia mundial.

Está cada vez mais difícil expressar palavras de esperança e amor para aqueles que estão agindo como se tudo o que está acontecendo não passasse de exagero. Mas o que muitos de nós precisamos, na verdade, é de palavras de confronto, palavras duras, palavras que nos façam enxergar que o nosso amor esfriou e que, por pura ignorância, temos contribuído para o esfriamento do amor do nosso próximo também.

É tempo de calarmos a nossa voz e de ouvirmos a voz do Espírito. É tempo de pararmos de querer dar lição de moral o tempo inteiro, agindo como se fôssemos os donos da razão, e de começarmos a olhar para o lado e chorar com os que choram, pois eles não estão longe, estão bem do nosso lado.

Deus quer restaurar a nossa capacidade de amar e quer tirar de nós esse senso de justiça humana, pois a nossa justiça é como trapo de imundice para Deus. O que nos cabe é imitar Jesus e não ser juiz aqui, na terra.

No meio de tantas falácias, Deus procura por aqueles que estão dispostos a ser as mãos e os pés Dele aqui, na terra. Você está disposto a isso?

Eu quero orar com você.

Deus, obrigado por Teu amor e por Tua Palavra. Senhor, perdoa-nos, pois o nosso amor esfriou e, em meio a tanta dor e desespero, ainda conseguimos encontrar tempo para futilidades, dedicando-nos a propagar coisas inúteis que não têm nada a ver com o Senhor e com a Tua Palavra. Restaura em nós a capacidade de amar, de compadecer-nos da dor alheia, e tira de nós esse falso senso de justiça que temos. A justiça pertence ao Senhor e o que nos cabe é apenas ser sal e luz aqui, na terra, enquanto vivermos. Que possamos falar menos e agir mais e melhor. É o que nós Te pedimos em nome de Jesus. Amém.

Edvaldo Oliveira é coordenador e idealizador do Ministério Minuto com Deus. É formado em Teologia Ministerial pelo Seminário Cristo para as Nações e em Administração de Empresas. Mora em Belo Horizonte e congrega na Igreja Batista Videira.

* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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