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Coluna Fábio Guimarães: Sisu – Vamos falar das políticas de cotas?

Em uma democracia vale o direito da maioria, respeitando sempre as garantias fundamentais da minoria

Fábio Guimarães - 25/01/2018 12h03

Prezados leitores do Pleno.News, precisamos conversar sobre este tema, sem medo do politicamente correto (ou incorreto) e também sem achar que todos nascem com oportunidades iguais em um país tão desigual como o Brasil.

A discussão é importante e infelizmente é mascarada pelos extremos, por uma minoria que grita muito, mas continua sendo uma minoria.

Me lembra a fábula da galinha e da pata. Quem põe um ovo maior: A galinha ou a pata? Se você já viu ambos os ovos vai afirmar com convicção que ovo de pata é maior, mas se não viu e apenas ouviu ambas chocarem terá certeza que o ovo da galinha é maior, tamanho é o escândalo dela ao chocar, diferente do “estilo” da pata ao chocar.

Em uma democracia madura a discussão é importante, o debate é vital, a liberdade de expressão imprescindível; mas, no final das contas, precisa valer o direito da maioria, respeitando sempre a proteção da minoria às suas garantias fundamentais. Não é o grito que vence.

Abaixo temos um exemplo concreto para discutir, vamos lá:

O quadro acima é referente a vagas abertas no curso de Matemática pela UFSC, em determinado polo, para serem preenchidas pelos alunos que fizeram o ENEM e agora acessam o sistema Sisu para se candidatarem. Esse acesso está acontecendo neste exato momento, pois as inscrições são entre os dias 23 e 26 de janeiro e as vagas são para 2018.

Resumindo são 15 vagas, sendo assim distribuídas:

Caso 1 2 vagas destinadas a autodeclarados pretos, pardos ou indígenas, que tenham estudado o ensino médio em escola pública, independentemente da renda familiar.

Caso 2 2 vagas destinadas a outro grupo de autodeclarados pretos, pardos ou indígenas com renda inferior ou igual a 1,5 salários mínimos familiar per capita (por pessoa) e que tenham estudado em escola pública no ensino médio.

Caso 3 – 2 vagas destinadas a indivíduos com renda inferior ou igual a 1,5 salários mínimos familiar per capita (por pessoa) e que tenham estudado em escola pública no ensino médio.

Caso 4 – 2 vagas destinadas a indivíduos com qualquer renda familiar per capita (por pessoa) desde que tenham estudado em escola pública no ensino médio.

Caso 5 – 7 vagas destinadas a “ampla concorrência”.

Vamos lá, 15 vagas no total, das quais 8 (53,33%) destinadas a políticas afirmativas, de minorias etc e tal e 7 (46,66%) destinadas a maioria da população, a “ampla concorrência”.

Precisamos ou não precisamos discutir as políticas de cotas?

É razoável termos tantos casos em Lei para políticas afirmativas?

“Ampla concorrência”? 7>8?

Não estou afirmando que não precisamos de política de cotas, estou afirmando que algo está errado e precisamos discutir. Sem medo de atingir a ditadura do politicamente correto.

Pense nisso!

Fábio Guimarães é economista, formado pela UFRRJ com MBA em Gestão de Negócios pelo IBMEC-RJ. Palestrante, consultor e debatedor, atuou por mais de 10 anos como gestor nas áreas de trabalho e renda e desenvolvimento econômico.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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