Seu armário provoca preguiça ou provoca gratidão?
Manter a organização não é tirar um dia e fazer tudo de uma vez. É construção de hábito que deve ser revisado a cada três meses
Bia Sartori - 08/04/2020 13h22
Imagine que você precisa se mudar, temporariamente (no meu caso por conta da pandemia, serão cinco semanas) para um local mais isolado e só pode levar o essencial, o que realmente usa!
E por que pensar no armário que provoca preguiça? Lembramos de que sempre precisamos organizar alguma coisa lá. Existem pessoas que tem impresso no DNA uma palavra chamada organização. Mas, a grande maioria, precisa desenvolver uma metodologia própria e que faça sentido.
Aquela ideia de olhar para dentro do seu armário e observar cada espaço preenchido de forma categorizada, por tipos de peças, cores e pilhas dobradas perfeitamente, muitas vezes, não é possível para muita gente, por não dispor de espaço suficiente para guardar tudo adequadamente. Isso sem falar de todos os cabides exatamente iguais, ajudando na estética da visão.
O armário que conhecemos hoje, nasceu da necessidade de guardar e organizar adequadamente as armas, por volta do século IX. O uso para guardar e organizar roupas e outras peças do vestuário só foi amplamente difundido no século XIV, pois até então, essas peças eram guardadas em baús e caixotes.
Em nossos dias, costumamos denominá-los guarda-roupas (geralmente móveis), armários (móveis ou embutidos e planejados) e closets (módulos dispostos dentro de um quarto ou ambiente específico, com ou sem portas). Também existem peças que nos lembram a função dos antigos baús, que são as cômodas.
Minha sugestão é que você encare o possível. Se você já está há 2-3 semanas cumprindo as orientações de distanciamento social para conter o pico da pandemia, provavelmente, em algum momento, você pensou em fazer alguma arrumação no seu armário, que por tempos foi adiada. Então, chegou a hora da coragem e do enfrentamento.
Mantenha a sanidade, fazendo por etapas. As dicas de tirar tudo de uma vez e aí sim, iniciar o processo de organização é só para os fortes ou quem conta com ajuda de alguém. Então, vá por partes!
O armário que conhecemos hoje, nasceu da necessidade de guardar e organizar adequadamente as armas, por volta do século IX
Comece com o cabideiro, depois vá para as prateleiras e gavetas. Faça uma parte de cada vez por completo. Tire tudo, limpe bem e aí comece o trabalho de separar peças que você usa sempre, peças que são para ocasiões especiais, aquelas que você já não gosta mais ou não usa (direto para a caixa de doação), aquelas que precisam de conserto, e aquelas que não servem mais. Separe por categorias: camisas e camisetas de manga curta, comprida, regatas, alcinha, vestidos curtos e longos (sem manga, com manga), calças (esportivas e sociais), casacos, etc.
Feita a separação, tire do ambiente a caixa de doação e as peças separadas para conserto. Estratégia contra a tentação de pegar tudo de volta. Dê uma volta, tome um suco, coma um lanche e prossiga. Assim, você terá condições de avaliar quantas peças você realmente necessita de cada categoria.
Vá colocando tudo de volta nos cabides e organize de acordo com o que você acha prático. Métodos só funcionam se fazem sentido para a sua lógica interna. Alguns preferem por cores, outros em subcategorias como dia-dia e especiais, manga curta e manga longa, verão e inverno. Não há certo e errado. Há o que funciona para você.
Uma estratégia que uso é voltar todos os cabides ao contrário, e na medida que vou usando coloco da forma correta. Assim, na próxima arrumação, tiro primeiro aquelas peças que deixei de usar, que ainda permanecem com o cabide ao contrário. Fica mais fácil analisar se elas voltam ou não para o armário.
Mais uma pausa, respire fundo e vá para a fase mais difícil: decida por cada peça que não serve ou não fica bem, experimentando e lançando mão de honestidade brutal. Passada essa fase, deixe para outro momento continuar com as prateleiras, as gavetas, a cômoda e a sapateira. Mantenha sua sanidade e ânimo! E persista, até tudo estar organizado.
Uma estratégia que uso é voltar todos os cabides ao contrário, e na medida que vou usando coloco da forma correta
Lembre-se, manter a organização não é tirar um dia e fazer tudo de uma vez. É construção de hábito que deve ser revisado a cada três meses. Assim, o trabalho pesado vai diminuindo e olhar para nosso armário provoca gratidão pelo que Deus nos dá para usar, e senso de responsabilidade em cuidar e administrar esses recursos. Ainda, podendo exercer a generosidade, abençoando outras pessoas!
Bia Sartori , designer de interiores formada pelo SENAC e pós-graduada pelo IPOG; personal organizer formada pela OZ!, pedagoga com especialização em Orientação Educacional pela PUCC. |