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Crise é sinônimo de oportunidade

Momento atual pode ser o empurrão que você precisava para empreender um projeto de sucesso

Anderson de Alcantara - 07/04/2020 12h50

Em época de crise econômica, é furada abrir um novo negócio, certo? Errado. Em momentos anteriores de economia em recessão, diversos empreendedores resolveram dar início a suas empresas. E o melhor: muitas se tornaram grandes companhias.

Nesse momento muitas companhias estão se inventando e reinventando, muitos empresários estão de olho nos indicadores que já apontam para um ritmo mais lento no avanço da pandemia do Coronavírus, aproveitando para se estabelecer em mercados que se beneficiarão com a recessão, como serviços com base em entregas, soluções on-line, e produtos que gerem economia para os clientes.

Historicamente, em momentos de crise, soluções geniais surgem na cabeça dos empreendedores. Então, se você está com uma ideia “queimando” na sua cabeça, pode ser a hora de exercitar a criatividade e aceitar os riscos de nova empreitada. Quem sabe?

Várias marcas que conhecemos hoje como referências surgiram assim. Confira como momentos de crise contribuíram para o surgimento de alguns grandes negócios:

NESCAFÉ: A procura pelo café no início dos anos 1930 caiu consideravelmente em todo o mundo, prejudicando os produtores do Brasil, que, na época, tinha a maior produção do grão no planeta. Milhões de sacos de café estragado estavam sendo destruídos, até que a Nestlé teve a ideia – a pedido do governo brasileiro – de fazer com o produto o que já fazia com leite: transformá-lo em pó, com a intenção de torná-lo mais durável. O lançamento foi em 1938, alcançando rápido sucesso na Europa. Na época, os produtores de café torrado e moído fizeram grande pressão contra o novo produto, mas de nada adiantou. O produto caiu no gosto popular ao redor do mundo, e atualmente o Nescafé é a marca é a mais valiosa da Nestlé.

BANCO IMOBILIÁRIO: O Estados Unidos viviam ainda a ressaca da quebra da bolsa de Nova York de 1929 e da recessão econômica que seguiu. Não havia dinheiro no mercado para quem quisesse comprar imóveis, terrenos ou investir nas fábricas. Desempregado, Charles B. Darrow estava um dia na cozinha da sua casa e, desenhando casas nos azulejos do chão, começou a explicar como funcionavam os mercados à sua filha pequena. Foi daí que nasceu a ideia do famoso jogo de tabuleiro. Charles desenvolveu um protótipo e mostrou o jogo aos executivos da Parker Brothers, em 1934. Ele tinha a ideia de que, se não era possível investir na vida real, as pessoas gostariam de se imaginar investindo. O jogo foi rejeitado e, mesmo assim, ele decidiu produzí-lo sozinho. O tabuleiro com o nome de ”Monopoly” caiu nas graças imediatamente, fazendo com que a Parker revisse sua posição e aceitasse distribuir o jogo em larga escala. Até hoje, é campeão de vendas no mundo. No Brasil, o jogo foi inicialmente vendido pela Estrela, com o nome de ”Banco Imobiliário”.

FANTA: Por causa da Segunda Guerra Mundial, a Fanta tem sua origem na Alemanha nazista. Uma sanção dos Aliados havia proibido a entrada do xarope que dá origem à Coca-Cola no país. A fábrica alemã da Coca-Cola tinha duas opções: fechar as portas ou inventar um novo produto. A saída foi usar sobras de maçãs e leite para criar um novo refrigerante: a Fanta. O sabor foi sendo alterado nos anos que se seguiram, chegando à fórmula com laranja só em 1955, na Itália. Hoje, o refrigerante está presente em 188 países, com 92 sabores diferentes. É a terceira marca da The Coca-Cola Company em volume de vendas no mundo.

NUTELLA: Na devastada Itália do pós-Segunda Guerra, o cacau havia sumido dos campos. Foi aí que um confeiteiro da região do Piemonte, Pietro Ferrero, resolveu criar um creme mais em conta, feito de avelã, açúcar e somente uma pitada de cacau. Com o sucesso que a receita causou logo no interior italiano, o negócio só cresceu. Primeiro, era recheio de bolo, passou para um creme até virá objeto de desejo pelos loucos por doce. No período de 2013/2014, o Grupo Ferrero, detentor da marca, registrou um faturamento consolidado crescente de 8.4 bilhões de euros.

LOCALIZA: A história da Localiza mostra a capacidade de um empreendedor que tem uma visão a longo prazo. Considerada atualmente a maior locadora de automóveis da América Latina, a empresa surgiu em meio à crise do petróleo. Em 1973, José Salim Mattar Junior iniciou o negócio com seis Fuscas, em Belo Horizonte, numa época em que não era aconselhado investimento em automóveis, por conta da explosão do preço dos combustíveis. A estratégia adotada foi de continuar oferecendo um bom serviço, mesmo com as adversidades. Em 1979, na segunda crise do petróleo no Oriente Médio, o empresário, ao invés de segurar o capital, expandiu a marca para Vitória. Em seguida, a empresa chegou às cidades do Nordeste, sempre optando por comprar locadoras de carros locais, pois, além de evitar dificuldades operacionais, herdava frota e cadastro de clientes. A Localiza tem ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo desde 2005 e está presente em 372 cidades de 9 países.

POLISHOP: Em 1999 o Brasil ainda se acostumava com a ideia de uma moeda estável e com o fim da hiperinflação. Com o cenário mais previsível, João Appolinário resolveu oferecer ao consumidor a condição de parcelar suas compras em dez vezes — algo incomum na época. Como resultado da oferta que cabia no bolso do brasileiro, chegou a vender mais de 1 milhão de grills em menos de dois anos. O início da década seguinte foi marcado pela expansão dos canais de venda e da sinergia entre eles como parte da premissa do negócio. Em 2001, lançou seus catálogos e, em 2003, as dez primeiras lojas físicas. Hoje, a marca já soma 286 lojas próprias, 145 mil parceiros de venda direta e 3,8 mil funcionários.

AIRBNB: A crise mundial de 2008 já tinha feito, na época, com que muitas pessoas e empresas parassem para repensar os modelos de consumo vigentes, levando em consideração as novas tecnologias e redes sociais e um novo sentido sobre compartilhamento. Em meio à busca de baratear serviços, Brian Chesky, Joe Gebbia e Nathan Blecharczyk criaram naquele ano o Airbnb, em São Francisco, na Califórnia. A ideia era criar um mercado comunitário para pessoas anunciarem e reservarem acomodações em seus próprios imóveis. Hoje, a startup está avaliada em US$ 25,5 bilhões sem possuir um único imóvel registrado em seu nome.

UBER: Este serviço também surgiu em um momento do pós-crise de 2008, quando a economia dos Estados Unidos ainda se recuperava e muitas pessoas buscavam “bicos” para complementar a renda. O serviço, que foi criado porque os empreendedores Travis Kalanick e Garrett Camp tiveram dificuldade de pegar um táxi em Paris em uma noite de neve, inicialmente contava apenas com carros de luxo pretos. Foi quando os sócios perceberam que podiam oferecer um serviço padrão num mundo cada vez mais globalizado, mas com um preço mais acessível e numa nova lógica de se locomover nas cidades. Hoje, o Uber é avaliado em US$ 65 bilhões, também sem possuir um único carro sequer em frota.

 

Será que uma dessas ideias foi inspiradora para você? Espero que sim. Então, mãos à obra!

 

Por hoje fico por aqui, lembrando de que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, pode enviá-la para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço e até semana que vem. Sucesso e fique em paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 31 anos, onde atua como como Planejador Pessoal; e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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