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Anderson de Alcantara - 25/06/2019 10h13

Libra Foto: EFE/Facebook

Na última terça-feira (18), o Facebook fez o anúncio oficial de lançamento da sua própria criptomoeda chamada Libra. A promessa é da disponibilização de um sistema seguro de pagamentos, projetado para usuários comuns, com base na tecnologia blockchain, e apoiado por ativos da economia real.

Apesar de ser uma iniciativa da maior rede social do momento, que atualmente conta com uma base de usuários de mais de 2,5 bilhões de pessoas, o Facebook afirmou que sua moeda digital será gerenciada de forma apartada pela Associação Libra, uma organização independente e sem fins lucrativos com sede em Genebra.

No anúncio, o grupo apresentou uma rede inicial de 27 parceiros que farão parte do projeto, como Mastercard, PayPal, Uber e Spotify:

Como se vê, a ideia já começa com o apoio de alguns nomes de peso, mas no whitepaper (documento oficial de lançamento da associação) está prevista a participação de até 100 parceiros. Eles estarão responsáveis democraticamente (com no máximo 1% de voto cada um) em gerenciar, controlar, assegurar e processar as transações da nova moeda. Isso já habilita o grupo a se candidatar ao posto de maior Fintech do mundo. Segundo a associação, esses parceiros ajudarão a criar um sistema “seguro, escalável e de credibilidade confiável”.

Se você é meu leitor/minha leitora atento(a), deve lembrar que eu já comentei sobre criptomoedas em uma das minhas colunas semanas atrás. Na ocasião, eu pedia um pouco de cautela com a euforia desenfreada que o Bitcoin estava causando em algumas pessoas como um ativo financeiro no qual parecesse valer a pena investir suas economias.

Entretanto – e parece que estava certo – na ocasião eu afirmei que:

“Acho que este é um processo que veio, sim, para ficar, quando ocorrer a consolidação da tecnologia de blockchain, com diversas vantagens para os cidadãos em geral…” (“Bitcoins – e aí, vale a pena investir?”, coluna “Você e seu dinheiro”, de 04/12/2018)

E, ao que parece, esse dia chegou.

Com a Libra em funcionamento teremos um incrível meio comum de pagamento mundial para fazer transferências, pagamentos (ao invés de usar cartão de crédito/débito), fechar câmbio para transferir dinheiro para outros países, etc., de forma muito mais simplificada e barata que hoje em dia.

Para assegurar o sucesso dessa iniciativa, o Facebook inteligentemente reuniu alguns fatores de peso no lugar certo e na hora certa: um grupo diverso de empresas/pessoas influentes como colaboradores, a criação de uma associação independente, lastro do valor da moeda virtual baseado em ativos econômicos tangíveis da economia real, a maturação da tecnologia blockchain, e a paixão de seus bilhões de usuários.

Como eu havia citado naquela coluna anterior, obviamente que uma iniciativa dessas terá desafios importantes para com os reguladores mundiais, já que governos gostam de ter controle sobre tudo. Além disso, os grandes bancos convencionais sairão perdendo receitas pois atualmente eles são os transatores de todos os exemplos citados acima, e certamente alegarão que só eles estão devidamente regulamentados em todos os países que atuam.

E não é só isso: se a Libra se tornar uma moeda mundial, isso terá o poder de gerar uma inédita nova ordem econômica mundial, que terá grande impacto sobre as economias locais. Com essa nova moeda mundial podendo ser negociada livremente entre as pessoas de todos os países, os bancos centrais podem perder, parcial ou totalmente, o controle sobre as entradas e saídas de capital e, portanto, ter menos controle sobre sua moeda.

Os impactos poderão ser enormes também nas dívidas que a maioria dos países têm emitida na sua própria moeda. Afinal, caso a população comece a utilizar a Libra para todas as transações internas e externas, como o país cobrará impostos e pagará suas despesas? E quem emprestará para esses países? E quem já emprestou dinheiro para esses países? Sem receitas, como os governos honrarão seus títulos de dívida?

(Dica minha: se você tem dinheiro investido no Tesouro Direto, porque lhe disseram que “era seguro” sugiro a releitura atenta dos dois últimos parágrafos, e comece a se informar sobre outras alternativas para proteger seus recursos. Eu nunca gostei de Tesouro Direto, e sempre tomei pedrada por isso. Agora devem começar a me ouvir com mais atenção…).

Bem, são inúmeras as dúvidas que ainda pairam sobre como será o mundo caso tenhamos efetivamente uma moeda mundial digital acessível e sem barreiras. Mas é bom acompanhar o noticiário. O modelo econômico global pós-guerra, baseado em Dólar, parece estar com os dias contados…

Para saber mais, acesse o site oficial da Libra : https://libra.org/pt-BR/

Por hoje fico aqui, lembrando que, caso você tenha alguma questão ou dúvida relacionada a Finanças Pessoais, envie-a para redacao@plenonews.com.br e eu terei o maior prazer em responder e tentar lhe ajudar.

Forte abraço, até semana que vem, sucesso, e fiquem em Paz!

Anderson de Alcantara é profissional do mercado financeiro há 30 anos, onde atua como como Planejador Pessoal; e é Professor Titular do Ministério Videira – Educação Financeira à luz da Bíblia.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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