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Certas horas, uma visita faz muito bem para a família

Por que oferecemos o melhor para os de fora?

Josué Gonçalves - 22/12/2018 08h12


Você já percebeu que tudo muda com a presença de uma visita em casa? Certo dia, eu e a minha esposa fomos convidados para ficar hospedados em uma casa durante os dias de seminário na igreja. Logo percebemos que o casal havia pintado o quarto e o banheiro. As toalhas eram novas, as fronhas dos travesseiros e o cobertor também. Na mesa de jantar, tudo era novo e a mesa estava muito bem decorada.

Geralmente, com a presença de uma visita, também muda o tratamento entre marido e mulher, pais e filhos. Quando a mulher precisa do apoio do marido, ela usa um tom de voz agradável e diz: “Meu bem, por favor, pegue os copos pra mim”. O marido responde, com muita amabilidade: “Pois não, meu amor. É só isso que você precisa?”. Quando chega a hora de chamar as crianças que estão brincando no quintal, o pai, carinhosamente, sem gritar, diz: “Meus anjos, o almoço está pronto, vamos almoçar”. O filho mais velho, muito esperto, olha para o pai e pergunta com um sorriso maroto: “Pai, o que está acontecendo com o senhor? Não é normal o senhor nos chamar assim”. É engraçado, mas é exatamente isso o que acontece em muitas casas.

O que acontece quando as visitas vão embora? O teatro é desmontado e o tratamento volta a ser como antes. Um volta a gritar com o outro – lerda, burro, besta e ignorante… A toalha rasgada volta para mesa com os talheres velhos, os pratos quebrados na borda, os copos descartáveis e a comida, quem quiser pega no fogão.

Esta é uma pergunta que eu sempre faço em minhas palestras: “Por que as visitas são tratadas com delicadeza, gentileza e amabilidade, e os da casa com estupidez, grosseria e indiferença?”

Já fiz três viagens ao Japão e descobri que o japonês é bem diferente dos brasileiros. Por exemplo, o melhor que os japoneses produzem fica no Japão. O que eles plantam e colhem de melhor, como o arroz, fica no Japão. Os aparelhos eletrônicos e a melhor tecnologia é, primeiramente, para consumo dos japoneses; depois, o excedente é exportado.

No Brasil é diferente. A melhor banana vai para a Europa e a melhor laranja vai para os Estados Unidos. O melhor da indústria tecnológica é vendido para fora do país e aquilo que é de segunda categoria, bem, isso fica no Brasil. O Brasil exporta o melhor café e consome o café de terceira categoria. O que sobrou, o que tem algum defeito, fica para o consumo dos da casa.

Na família é a mesma coisa. Quando uma visita chega em casa, o que se faz? Põe-se a melhor toalha na mesa, os pratos de porcelana, os talheres de prata. É sempre assim, não é? A comida é especial. A sobremesa é a melhor de todas. Que maravilha! Tudo para a visita!

Quando a visita vai embora, o marido, que até então ajudara no trabalho em casa, arrumando a mesa e lavando a louça, diz à esposa: “Cuide de tudo querida. O fogão é todo seu!”. E se a esposa pede ajuda, ele diz: “Não é minha obrigação, já fiz muito em ajudar pela manhã”.

Por que oferecemos o melhor para os de fora? Por que oferecemos o mais interessante para as visitas? Será que o seu esposo não é mais importante que as visitas? Será que os seus filhos não são mais importantes que os hóspedes? Será que a sua esposa não é mais importante que eles? E por que não tratamos a família com muito mais dignidade, respeito, gentileza, delicadeza do que os de fora?

Certa vez, uma esposa deixou um bilhete para o marido logo cedo, de manhã. O bilhete era bem romântico: “Se você tratasse os seus amigos como trata a mim e aos nossos filhos, será que você ainda teria amigos?”. Isso é muito sério. Responda, com honestidade: “A sua forma de tratar o seu cônjuge e os filhos torna a sua casa um lugar cada vez mais aconchegante e prazeroso?”

O desejo de mudar é uma grande prova de amor. Este é um momento muito oportuno para você fazer uma autoanálise e ver se algumas atitudes, respostas e comportamentos precisam ser mudados.

Josué Gonçalves é terapeuta familiar, escritor, pastor e apresentador do programa Família Debaixo da Graça, transmitido pela RedeTV!. Trabalha com o tema Família há 27 anos. Seu trabalho pode ser conhecido no site Amo Família.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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