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A Teologia da Prosperidade e os prejuízos à visão missionária

O povo busca a Deus no intuito de ser abençoado para experimentar da prosperidade do Reino e nada mais

Renato Vargens - 21/09/2018 09h32

Cristo me salvou em em 10 de agosto 1986. Lembro que no mesmo instante em que sua graça me envolveu, libertando-me das garras do diabo, me senti chamado para o ministério pastoral.

Como eu, dezenas de pessoas em minha cidade também foram desafiadas pelo Senhor para servi-lo como líderes, pastores ou missionários. Lembro que naqueles dias era comum encontrar nos cultos, jovens e adolescentes prostrados, derramando sua alma diante de Cristo, consagrando suas vidas ao autor e consumador da fé.

Pois é, há alguns atrás, para glória de Deus, era comum encontrar nas Igrejas evangélicas das mais variadas denominações jovens dizendo ter sido chamados pelo Senhor para servir a Cristo no campo missionário. Verdadeiramente posso testemunhar que conheci dezenas de rapazes e moças dispostos a saírem do Brasil com o propósito de anunciar o evangelho a povos de outras culturas e nações.

Hoje, 32 anos depois, a realidade é bem diferente. Isto porque, boa parte do povo de Deus optou por desfrutar das alegrias deste tempo, deixando em segundo plano o serviço missionário. Ultimamente tenho visto inúmeros pessoas dizendo:

– Tenho que curtir a vida! Trabalho muito, jamais poderei ser pastor. Eu também sou filho de Deus, preciso descansar um pouco mais, mesmo porque a vida é dura, árdua e difícil. Missões? Não é meu chamado, nem tampouco minha vocação! Meu tempo é curto, infelizmente não vou poder ajudá-lo!

Para piorar a situação, boa parte desses irmãos fazem vista grossa ao desafio missionário. Lamentavelmente esse povo não está preocupado com o secularismo europeu, ou com o avanço do islamismo, ou com, até mesmo, a perseguição aos cristãos na China, Coreia do Norte, Irã, Arábia Saudita e outros lugares mais.

Ah…!!! Isso não interessa não é verdade? Até porque, o que interessa mesmo é desfrutar das bênçãos do Reino. Nesta perspectiva, o povo busca a Deus no intuito de ser abençoado para experimentar da prosperidade do Reino e nada mais!

Caro leitor do Pleno.News, sabe o que me choca? É a indiferença dos cristãos. Infelizmente, o povo não tá nem aí para aqueles que se perdem. Basta olharmos para as ofertas levantadas em nossas igrejas que chegaremos a essa triste conclusão. Enquanto gastamos fortunas investindo na construção de templos nababescos, negligenciamos descaradamente o trabalho missionário.

Pois é, confesso também que fico impressionado com aqueles que só pensam em si mesmos, isto porque, são incapazes de se envolver diretamente com a causa missionária preocupando-se somente com o lugar que passarão as férias de janeiro.

Isto posto, tenho algumas perguntas: De que maneira você tem encarado o trabalho de missionário? Qual foi a última vez (isto é, se você um dia o fez) dedicou suas orações intercedendo por missões? E o seu envolvimento financeiro com essa sublime causa? Quando foi a última vez que você enviou uma oferta para uma família de missionários que, por amor a Cristo, abandonou o conforto, a segurança e a liberdade do Brasil? Diante do desafio missionário o que você tem feito? Será que tem fugido ou simplesmente dependurou-se na janela da vida olhando a banda passar?

Pois é, cara pálida, lamentavelmente o descaso da Igreja brasileira pelo trabalho missionário me dá a impressão de que essa maldita Teologia da Prosperidade minou a simplicidade do evangelho na vida de muitos irmãos e Igrejas.

Com dor no coração!

Renato Vargens é pastor sênior da Igreja Cristã da Aliança em Niterói, no Rio de Janeiro e conferencista. Pregou o evangelho em países da América do Sul, do Norte, Caribe, África e Europa. Tem 24 livros publicados em língua portuguesa e um em língua espanhola. É também colunista e articulista de revistas, jornais e diversos sites protestantes.
* Este texto reflete a opinião do autor e não, necessariamente, a do Pleno.News.
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