A competência de cada um
O treinador brasileiro não é muito cotado nos grandes times europeus ou em seleções nacionais
Sergio du Bocage - 16/08/2017 11h31
Semana passada falei aqui da chegada do colombiano Reinaldo Rueda para ser o técnico do Flamengo. E lembrei que o treinador brasileiro não é muito cotado nos grandes times europeus ou em seleções nacionais, ao contrário dos nossos vizinhos argentinos, que estão em oito, sendo três do top-10 da Fifa – Argentina, Chile e Colômbia. Temos técnicos argentinos em times da Liga dos Campeões da Europa e nas ligas francesa, inglesa e espanhola.
Pois bem: o técnico Jair Ventura, do Botafogo, apimentou a discussão. Apesar de elogiar Rueda, disse que a vinda dele para o futebol brasileiro prejudica o mercado, fecha portas para os jovens que, como ele, procuram se aperfeiçoar; e que os clubes deveriam, primeiro, olhar para os profissionais brasileiros.
Há críticas por todo lado, até de xenofobia, o que é exagero. Mas esse protecionismo, eu não aceito. O técnico brasileiro precisa se reciclar e estudar, até mesmo para poder trabalhar na Europa, onde cursos são exigidos. Trocar experiências, observar outros treinadores e escolas vão fazer bem para os nossos profissionais. Se usamos jogadores lá de fora, sem que ninguém questione o fechamento de mercado para os garotos criados na base dos clubes, por que não aceitar os técnicos?
Se vai dar certo, o tempo dirá. Mas que Rueda tenha sucesso. E que Jair siga no seu caminho, que é muito promissor. Ele ainda não tem um título, mas já deu mostras de que vai fazer sucesso na profissão.
Sergio du Bocage é carioca e jornalista esportivo desde 1982. Trabalhou no Jornal dos Sports, na TV Manchete e na Rádio Globo. É gerente de programas esportivos da TV Brasil e apresenta o programa “No Mundo da Bola”. |