André Mello - 25/04/2018 08h53

A pesquisa do DataPoder360 – instituto de pesquisas do site Poder360 – divulgada no início desta semana, aponta novos cenários e perspectivas nas eleições para presidente, em 2018.

Enquanto, nas demais pesquisas, Bolsonaro aparece lado a lado com Marina Silva, no DataPoder360, a vantagem de Bolsonaro é clara. Chegaria ao segundo turno, em todos os cenários.

Essa pesquisa testou, especialmente, dois cenários para presidente da República que o distinguem dos demais institutos de pesquisa. Isso é possível, porque os candidatos ainda não estão definidos. Depois da definição e do lançamento oficial, por força da Lei Eleitoral, todos os nomes terão que ser incluídos em todas as pesquisas e os candidatos poderão até mesmo impugnar algumas.

O prazo legal para o registro oficial de candidaturas é 15 de agosto. Ou seja, por enquanto, a Lei Eleitoral permite que se faça qualquer combinação de nomes e que, as pesquisas sejam feitas com uma margem maior de liberdade.

A nova pesquisa demonstra Jair Bolsonaro (PSL-RJ) com 20% a 22%, liderando de maneira isolada os cenários para presidente da República. Em 2º lugar, Joaquim Barbosa (PSB) com 13% a 16% das intenções de voto.

Bolsonaro ganharia com folga, nos cenários de segundo turno, contra Geraldo Alckmin, ex-governador de São Paulo. Ele ficaria com 41% contra 18% do tucano.

O único candidato que superaria Bolsonaro, e que antes de ser lançado apresenta uma razoável curva de crescimento, é Joaquim Barbosa. O ex-presidente do Supremo Tribunal Federal registraria 37% em um eventual segundo turno contra 32% do ex-capitão do Exército.

Todavia, Joaquim Barbosa ainda não decidiu se vai mesmo lançar sua candidatura.

Se o Datafolha estiver certo, haverá segundo turno: entre Bolsonaro e Marina.

Se DataPoder360 estiver certo, haverá segundo turno: entre Bolsonaro e Joaquim Barbosa.

Assim seria o cenário sem Lula.

A pesquisa do DataPoder360 também sugere que os votos do PT seriam transferidos, em parte, para Ciro Gomes.

Mas, é claro, ainda não estamos em campanha. Muitos analistas sugerem que o tempo de propaganda do candidato e os palanques estaduais podem fazer diferença em um cenário tão disputado. O time de marqueteiros de Alckmin é pesado e os palanques estaduais podem colocar o PSDB nos maiores colégios eleitorais do país.

Mas, por enquanto, a briga no ninho dos tucanos; e o desgaste da associação com Aécio Neves; sugerem que teremos, pela primeira vez, desde 1989, um cenário sem PT e PSDB na briga pela presidência.

Vamos lembrar:

• Em 1989, Collor chegou ao segundo turno com 30% dos votos.
• Lula, depois de uma arrancada, ultrapassou Brizola, alcançando 17%.
• E, no segundo turno, Collor venceu com 53%, contra 46% de Lula.

Ou seja, o segundo turno já foi alcançado por qualquer candidato que alcance entre 17% e 20%. Será uma eleição disputada, como 1989, sem o bipartidarismo que estava se desenhando desde a eleição de FHC.

André Mello é jornalista, tradutor, teólogo e cientista da religião.